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O Gênero e Raça

Por:   •  14/3/2018  •  1.804 Palavras (8 Páginas)  •  330 Visualizações

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com a violência, a qual participa dos processos de identidade do sujeito.

No texto Masculinidade, sexualidade e estupro – as construções da virilidade, a autora Lia Machado coloca que a sexualidade masculina funda a virilidade, sendo vivida como restauração continua pela imposição da força, do seu lugar hierarquicamente esperado como superior e como realização de uma sexualidade naturalizada onde o objeto é a mulher. (MACHADO, pg.253) A mulher, portanto, tem um valor menor, sendo posicionada sempre em relação aos homens. O imaginário da sexualidade feminina se baseia no apagamento das falas e vontades das mulheres; o “não” não é visto como categórico; “aquela que se esquiva para se oferecer” em contraparte o imaginário da sexualidade masculina como aquela que tem a iniciativa e que se apodera unilateralmente do corpo do outro. (MACHADO, pg.234) Tais imaginários geram estruturas de poder e dominação onde o corpo da mulher pertence aos homens e os casos de violência são justificados através da culpabilização da vitima e de costumes cotidianos.

Observa-se que ao pensar a posição das mulheres em referencia aos homens, categorias se criam. Existe uma distinção entre as mulheres pertencentes ao seu grupo familiar/próximo e as não parentes e afins. Essas categorias surgem através de uma perspectiva da aliança onde o que importa é a relação entre os homens do grupo e sua lealdade e colaboração entre si. Existe uma troca/fluxo de mulheres que concretizam as relações entre esses homens, e, assim, a mulher localizada dentro dessa rede adquire seu valor, já as mulheres que não fazem parte dessa rede são alvos fáceis de violência, visto que ela não “pertence” a nenhum homem de sua aliança, e portanto, a virilidade masculina pode atuar, recusando os “nãos” e justificando os abusos pelos contextos do ocorrido, seja pelo tamanho da roupa que a mulher estava usando até a prensa da mesma em locais que seu acesso é negado/proibido.

Segato, porém, em sua obra, explica que a violência, tanto psicológica, como física, surge no grupo social como uma forma de poder, de decisão sobre quem é aquele que tem o poder de voz. No caso do patriarcado, esta violência surge; por meio de pressões psicológicas, falas de imposição ou mesmo olhares de aprovações; para determinar qual deve ser o espaço da mulher e do homem no meio social e, quando esta mulher não segue a sua moralidade, ou seja, quando a violência moral falha, é o momento em que se aplica a violência física e/ou sexual como forma de correção. (SEGATO, Rita. p. 51)

Há também a construção do gênero presente na relação de homens com outros homens, no qual, para um homem ser "aceito" dentro da sociedade patriarcal, ele deve demonstrar possuir atributos, que seriam as 5 potências: a potência bélica, a potência sexual, a potência política, a potência econômica e a potência intelectual. Para provar possui-los, o homem demonstra-os utilizando o corpo das mulheres por meio das conquistas, que seriam a subordinação do território-corpo. (SEGATO, Rita. pp. 52 e 53)

Finalmente, pode-se perceber também a violência contra a mulher na intimidade prvada em algumas leis de certas tribos ou mesmo países, no qual, no momento em que uma mulher infringe alguma lei, ela receberá, como correção, a violência sexual, para aprender a se colocar no seu devido lugar. (SEGATO, Rita. p. 54)

Bloco 3 (valor: 1,0) Unidade III

Questão 3.2: Como a condição de raça, gênero e classe social se torna a base para a concepção de corpo vistos como impuros/perigosos/abjetos pela perspectiva misógina na nossa sociedade?

O desenvolvimento da vida humana em sociedades que evoluíram em diferentes contextos, proporcionou variabilidade cultural, dentro dessa variabilidade com o advento da globalização houveram trocas interculturais e a possibilidade de enxergar o outro como peça de comparação ou identificação. Nesse contexto, o contato entre sociedades reisignificou e desenvolveu um processo no qual as ferramentas de comunicação possuem significados diversos, entre essas ferramentas de comunicação encontra-se o corpo, possuindo códigos como a raça que no texto “Raça é signo” da antropóloga brasileira Rita Laura Segato, possuem significados que produzem uma rede de informações.

No filme “Vênus Negra” é possível constatar a maneira que a mulher negra possui uma representação social de baixo status que simbolizava que o negro é selvagem, não civilizado e animalesco, a mulher negra passa por processos de estudos científicos em uma academia europeia que comparam sua anatomia com a de fêmeas de primatas, todo essa conjuntura corrobora para a abjeção, visto que “ “raça é signo” - significante produzido no seio de uma estrutura onde o estado e os grupos que com ele se identificam produzem e reproduzem seus processos de instalação em detrimento de e a expensas dos outros que este mesmo processo de emergência justamente secreta e simultaneamente segrega (Segato, pg. 10)” a mulher negra é objetificada, segregada e inferiorizada por possuir anatomia diferente do grupo europeu.

O corpo passa a representar uma identidade e uma ferramenta politica de (ou de não) identificação com um grupo, assim, com os indivíduos buscam se enquadrar na fôrma estética, o corpo feminino nesse contexto apresenta significados variados, mas que parecem sempre permear a característica da maternidade e reprodução.

A diversidade em características corpóreas contém para Judith Butler o pensamento de que “os corpos diferentemente me parece parte da luta conceitual e filosófica que o feminismo abraça, o que pode estar relacionado também a questões de sobrevivência”, a construção das relações de gênero com identidades físicas tendem a ser mais variáveis no sentido em que não se pode conceber um conjunto de características ditas femininas e passíveis de identificação,

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