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Gestão de Políticas Públicas em Gênero e Raça: Módulo 2: Políticas públicas para gênero

Por:   •  27/4/2018  •  2.755 Palavras (12 Páginas)  •  328 Visualizações

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a cuidar do lar, dos filhos, ateando-se aos trabalhos domésticos, enquanto o homem com sua natureza “forte” encarregou-se dos trabalhos considerados mais “pesados” levando em consideração as teorias científicas que limitam a capacidade de gênero através dos estudos sobre o funcionamento biológico de cada um destes.

Diferenças de gênero na organização social da vida pública

As autoras buscam realizar uma análise do comportamento imposto aos homens e mulheres em nossa sociedade pública e suas mudanças ao longo do tempo. Dizem que, historicamente, havia presença masculina no espaço público e político, logo que as mulheres se mantinham ateadas ao que se destinava ao conteúdo doméstico.

Como dizem:

“Em todas as sociedades há uma divisão do trabalho entre homens e mulheres que permite que as tarefas necessárias à produção e à reprodução sejam cumpridas. Chamamos isto de “divisão sexual do trabalho”, mas levantam a seguinte afirmação:

“Essa tradicional divisão do trabalho entre os sexos tem sido, contudo, duramente criticada e já apresenta sinais de mudanças. Podemos perceber isto através da análise das transformações ocorridas em três setores, antes eminentemente masculinos: o mercado de trabalho, a escolaridade e a participação política. ”

Participação social feminina: indicador preciso da desigualdade de gênero

Ainda dentro deste tema, as autoras mostram conclusões oriundas do movimento feminista a respeito das desigualdades de gêneros na produção de conhecimentos científicos, onde encontramos uma forte presença masculina nas áreas consideradas complexas, como disciplinas lógicas e calculáveis, enquanto as mulheres se encontram nas áreas humanas, supostamente, tidas como “inferiores”; no mercado de trabalho, mesmo que hoje em dia, no Brasil, exista uma significativa parcela das mulheres ganhando e abrindo espaço no mercado de trabalho, contribuindo para o ambicionado quadro de nivelação que o movimento busca, tanto no espaço público, quanto no privado. Levam em conta ainda que:

“O processo de escolarização pode reforçar a associação frequente entre o gênero feminino e determinadas ocupações. Este vínculo leva a uma desvalorização social de certas profissões, por elas serem consideradas de menor competência técnica ou científica. Mesmo entre carreiras de prestígio social, como a medicina, as especialidades que se feminizaram – a exemplo da pediatria – terminam sendo mais mal remuneradas se comparadas a outras especialidades cujo contingente masculino é mais expressivo, como a ortopedia ou a neurologia (Silva, 1998). ”

Um outro aspecto levado em conta é o da educação. Nota-se que, atualmente, a presença feminina em instituições de ensino vem se tornando igual (até mesmo superior) à masculina.

“Esta inserção advém, entre outros fatores, da crescente participação das mulheres no mercado de trabalho, da exigência de melhoria de sua qualificação profissional e consequente aspiração por melhores salários. No entanto, este investimento ainda não se reverteu em igualdade salarial com os homens. ”

As autoras ainda ressaltam que esse problema se associa a outro tipo de segregação: o preconceito racial. Quando se trata de mulheres negras, independe seu grau de estudo, pois a diferença salarial é marcante, mesmo em relação à outras mulheres. Em poucas palavras:

“Esta situação demonstra como a segregação social combina elementos étnico-raciais e de gênero. ”

O último aspecto denotado por elas é a presença feminina na vida política, onde há uma espécie de preservação dos privilégios masculinos, pois as mesmas não chegariam a completar nem a cota de 30% reservadas neste setor.

Diferenças de gênero na organização social da vida privada

Neste trecho da apostila, as autoras enfatizam o comportamento de homens e mulheres (em especial das mulheres) diante dos padrões constituídos e preservados ao longo dos séculos em nossa sociedade.

São relatados alguns costumes que ainda se fazem presentes e outros já modificados pelo decorrer dos anos, como, no primeiro caso, a obediência a qual a mulher “deve” se sujeitar com relação aos membros da família que representem o sexo masculino (avô, pai, marido e em sua ausência, os filhos), a naturalidade que a define como responsável pelos cuidados do lar e, no segundo caso, as mudanças vigentes no controle de natalidade que surgiram ao longo dos anos com o desenvolvimento de pílulas anticoncepcionais, preservativos, entre outros e ainda que nem todas as mulheres venham a ter acesso a estes direitos, sejam por questões financeiras ou pelo autoritarismo e controle masculino sob as mesmas; houve também uma mudança na decisão do casamento, onde, tanto homens quanto mulheres, puderam passar a decidir com quem gostariam de se casar, ao invés de sujeitarem-se a acordos organizados por suas famílias, apesar de que, em alguns casos, a questão social intervém nessa decisão, como dito neste trecho:

“No entanto, sabe-se que tal escolha é também socialmente determinada, havendo forte chance de se eleger um parceiro ou uma parceira entre iguais, ou seja, de inserção social e estilo de vida semelhante. ”

Elas afirmam que tais transformações vêm reduzindo a presença do modelo tradicional de família, invertendo os papéis e “retirando” a mulher do lar, concedendo-a espaço no mercado de trabalho e, em alguns casos, tornando-a a responsável pela renda familiar, enquanto o homem é quem passa a cuidar da casa e dos filhos, contudo, existem casos em que, apesar da contribuição feminina na renda, o homem não se sujeita ao auxílio do que se considera “doméstico”, enraizando ainda mais essa desigualdade entre os gêneros, levando a mulher a adquirir uma carga de atividades muito maior ao longo do dia. Algumas dessas mulheres possuem condições de encontrar alguém que as auxilie nestes serviços e é aqui que se encontra outro problema comum: a maior parte das empregadas domésticas é composta por mulheres negras, trazendo à tona, além da desigualdade presente, a desigualdade étnico- racial.

Ainda neste capítulo, falam a respeito da dominação masculina, citando Pierre Bourdieu e suas palavras sobre a questão da hierarquia sexual, contudo, criticam-no, pois, antes de seu trabalho, existiam outros com o mesmo tema realizados por outras mulheres, as quais, segundo as autoras, “negligenciou a voz ativa”; falam também sobre este quadro

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