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A PRECARIZAÇÃO NO ÂMBITO DO SUAS: REFLEXÕES DE UMA EXPERIÊNCIA

Por:   •  10/4/2018  •  5.947 Palavras (24 Páginas)  •  240 Visualizações

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Crises Capitalistas Contemporâneas e Transformações no Mundo do Trabalho

O capitalismo é um modo de produção fundado na divisão da sociedade em duas classes essenciais: a dos proprietários dos meios de produção (terra, matérias-primas, máquinas e instrumentos de trabalho) sejam eles indivíduos ou sociedades, que compram a força de trabalho para fazer funcionar as suas empresas; a dos proletários, que são obrigados a vender a sua força de trabalho, porque eles não têm acesso direto aos meios de produção ou de subsistência, nem o capital que lhes permita trabalhar por sua própria conta. Do ponto de vista econômico existe uma logica intrínseca. È uma acumulação primitiva do capital, onde alguém explore alguém, surgindo dessa operação o lucro motor da economia capitalista.

“O capitalismo é um sistema de mercantilização universal e de produção de mais-valia. Ele mercantiliza as relações, as pessoas, a força de trabalho e ao mesmo tempo desenvolve as suas contradições”. (MARX, 1871: 170)

O surgimento do sistema capitalista inseriu profundas alterações na economia e na sociedade. Um importante fato que o influenciou foi a Revolução Industrial, iniciada na Europa, no século XVIII, expandindo gradativamente para outros países. A Revolução Industrial se caracterizou inicialmente pelo desenvolvimento da técnica da produção industrial e das comunicações, invenções técnicas de fortes efeitos econômicos que permitiram a implantação de manufaturas e usinas, abalando a exploração artesanal das oficinas familiares, seus desdobramentos alcançaram todas as áreas da sociedade, provocando profundas alterações estruturais em todo o mundo. A Revolução tornou os métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a ser produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado, aumentou também o número de desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a mão-de-obra humana.

A nova forma de trabalho imposta pela Revolução Industrial aumentou a dominação que a burguesia constituiu sobre a classe trabalhadora, aperfeiçoando as forças de exploração. Com a implantação do modelo taylorista, a divisão social do trabalho introduziu o sistema de fabrica, assegurando definitivamente o controle do tempo do trabalhador pela classe que domina.

No inicio do século XX surge o Fordismo, baseado no principio da produção em massa que transformou a indústria automobilística. O modelo caracterizou-se pela exploração intensa do trabalhador, visto como simples apêndice da maquina. O operário fordista sofria com o trabalho repetitivo, mal pago, intenso e embrutecedor.

O modelo taylorista/fordista, com suas particularidades, prevaleceu como modo de organizar o trabalho e a produção nos países capitalistas desenvolvidos até meados dos anos 70. No inicio da década de 70, os países capitalistas avançados começam a sentir a exaustão do padrão de acumulação fordista­keynesiano (HARVEY, 1995). Surgiram vários fenômenos no período e 1965 a 1970, como a emergência e poder de vários movimentos sociais, as ondas de greves que se espalharam pelo mundo, a guerra do Vietnã, a desvalorização do dólar e a Europa Ocidental surgindo como uma ameaça a hegemonia da maior potencia do mundo (EUA); a crise do petróleo de 1973; todos esses fatores contribui para o processo de um regime mais flexível, considerando o modelo mais compatível com as emergentes necessidades do capital.

Da crise do modelo fordista, nasce um novo modelo, fundamentado em fórmulas inovadoras no objetivo de superar as falhas do taylorismo/fordismo. Este modelo, chamado de toyotismo, elabora um discurso voltado para a valorização do trabalho em equipe, da qualidade no e do trabalho, da multifuncionalidade, da flexibilização e da qualificação do trabalhador. Oculta, porém, a exploração, a intensificação e a precarização do trabalho, inerentes à busca desenfreada do lucro pelo sistema de metabolismo social do capital, que, por não ter limites, configura-se como ontologicamente incontrolável. Esse conjunto de transformações da estrutura produtiva deu origem a um novo modo de acumulação que vem sendo por muitos denominados de acumulação flexível (Harvey, 1992)

Segundo Harvey:

“A acumulação flexível é marcada por um confronto direto com a rigidez do fordismo. Ela se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracterizam-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimentos de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. A acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões de desenvolvimento desigual, tanto entre setores como entre regiões geográficas, criando, por exemplo, um vasto movimento no emprego no chamado “setor de serviços” bem como conjuntos industriais completamente novos em regiões até então subdesenvolvidas”. (Harvey, 1992)

Nesse sentido, a precarização do trabalho e da vida cotidiana dos trabalhadores se intensifica no contexto da acumulação flexível e atinge a classe trabalhadora como um todo. Estas mudanças são significativas para o mundo do trabalho e, de uma maneira geral, são extremamente negativas para os trabalhadores. Dessa forma, a precarização do trabalho se intensifica na medida em que as necessidades de reprodução do capital se ampliam, ou melhor, num contexto marcado pela busca incessante pela manutenção, ou ampliação, das condições necessárias para a acumulação do capital, o trabalho é precarizado ainda mais. A busca pelo lucro intenso significou/a para os trabalhadores uma intensificação na exploração de sua força de trabalho e, por conseguinte a precarização de sua vida enquanto trabalhador.

Para Antunes (2001) o neoliberalismo e a reestruturação produtiva da era da acumulação flexível, dotadas de forte caráter destrutivo, têm acarretado, entre tantos aspectos nefastos, um monumental desemprego, uma enorme precarização do trabalho e uma degradação crescente, na relação metabólica entre homem e natureza, conduzida pela lógica social voltada prioritariamente para a produção de mercadorias, que destrói o meio ambiente em escala globalizada.

O neoliberalismo surge como um conjunto de ideias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do estado na economia. De acordo com esta doutrina, deve haver total liberdade de comércio (livre mercado), pois este princípio garante o crescimento

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