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A Formula Mágica

Por:   •  13/4/2018  •  1.228 Palavras (5 Páginas)  •  260 Visualizações

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Pegando como exemplo Água Branca, nesta região o empreendimento tentou valer-se de um novo recurso financeiro para viabilizar, um fundo de investimento imobiliário. Esse tipo de fundo, incipiente no Brasil, procura aproximar o setor imobiliário do mercado de capitais, aumentando a liquidez dos imóveis por meio da venda de cotas negociáveis na Bolsa. Já a Avenida Faria Lima é considerada uma etapa do deslocamento do centro de serviços e finanças de SP, além de que são oferecidos outros incentivos, os quais facilitam a construção de grandes empreendimentos imobiliários ou a permissão para mudança de uso em lotes de área superior a mil m². Em tal região, o antigo padrão de loteamento, com predominância da residência horizontal de classe média, foi sendo substituído pelas torres de escritório. Além disso, os investimentos alcançam níveis de 2 bilhões de reais. Tais valores, embora provisórios, indicam que uma avaliação detalhada, evitada pela Prefeitura, provavelmente evidenciaria o disparate que é apresentar tal operação como uma de sucesso, ao passo que não se incluem nos valores computados os impactos negativos para a população moradora e as consequências da sobrecarga resultante da aprovação dos novos empreendimentos. O setor imobiliário e a população de renda mais alta, que têm forte poder de influência sobre o Estado, passam a pressionar por mais investimentos, mantendo o clico vicioso de concentração de recursos.

Por fim, uma outra operação urbana em área de expansão do capital imobiliário é a Água Espraiada, que conta também com uma avenida âncora, ao longo de um córrego que atravessa o pólo empresarial com residências de classe média alta. Em contrapartida, a principal justificativa não era viária, mas a "resolução" do problema da ocupação das margens do córrego por núcleos de favelas, sendo que assim a operação na verdade serviu para realizar uma "limpeza social" com as expulsão de um enorme número de pessoas (gestão Maluf) sem contar a violência e o terror que foi tocado em tais ações. Ameaças para que abandonassem suas casas rapidamente; tentativa de corrupção de lideranças, péssimas condições de alojamentos provisórios descritos como "campos de concentração"; cortes de água e luz; pressão psicológica, etc.

Assim, observamos como essa forma de associação entre Estado e capital é legitimada por "modernas" formas de parceria, que tomam como justificativa a crise fiscal para que assuma o papel de "promotor", e criar condições para facilitar a instalação de infra-estrutura pela própria iniciativa privada. A prefeitura concentra recursos públicos num trecho da cidade que está sendo adaptada para a implementação de megaprojetos imobiliários com a modernização da infraestrutura, desapropriações e expulsões. E ao mesmo tempo, as políticas sociais não abrangem seques aqueles que são expulsos pelas ações diretas do poder público.

A operação urbana não impede a concentração de renda; aliás, encobre seus mecanismos mais atuais de funcionamento, legitimando-a, enquanto os parceiros da exclusão descartam o restante da população para criar uma "cidade própria". Aplicada na cidade, a operação não se assemelha à elogiada "fórmula mágica", onde todos ganhariam e ninguém perderia. Ao contrário, funciona como um mecanismo para que apenas uma fração da cidade continue a resolver seus problemas, utilizando o Estado como instrumento privado de acumulação.

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