Dinâmica, Perls
Por: Hugo.bassi • 18/1/2018 • 1.553 Palavras (7 Páginas) • 385 Visualizações
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Agora, não se apavorem com a palavra explosão. A maior parte de vocês sabe dirigir um carro . Existem milhares de explosões por minuto dentro do cilindro.
Isto é diferente da violenta explosão do catatônico: esta seria como a explosão num tanque de gasolina . Outra coisa, uma única explosão não quer dizer nada.
As assim chamadas quebra de couraça da teoria reichiana tem tão pouca utilidade quanto o insight da psicanálise. As coisas ainda precisam ser trabalhadas
(P erls, 1 9 6 9 , p. 85 n a e d . bras., com os grifos acrescentados).
Existem quatro tipos de explosões que o indivíduo pode experienciar ao emergir da camada da morte. Existe a explosão em pesar, que envolve o trabalho com uma perda ou morte que não tinha sido previamente assimilada. Existe a explosão em orgasmo em pessoas sexualmente bloqueadas. Existe a explosão em raiva quando sua expressão foi reprimida. E, por fim, existe a explosão no que Perls chama de joie de vivre-alegria e riso, alegria de viver.
A estrutura de nossos papéis é coesiva pois destina-se a absorver e controlar a energia destas explosões. A concepção errónea básica de que essa energia precisa ser controlada deriva de nosso medo do vazio e do nada (terceira camada). Interpretamos a experiência de um vazio como sendo um vazioestéril e não um vazio fecundo; Perls sugere que as filosofias orientais, a filosofia Zen em particular, têm muito a nos ensinar a respeito da experiência do nada, positiva e geradora de vida, e a respeito da importância de permitirmos a experiência do nada sem interrompê-la.
Em todas suas descrições de como um indivíduo se desenvolve, Perls mantém a idéia de que a mudança não pode ser forçada e que o crescimento psicológico é um processo natural e espontâneo.
Obstáculos ao Crescimento
Perls considera a fuga da conscientização e a consequente rigidez da percepção e do comportamento como os maiores obstáculos ao crescimento psicológico. Os neuróticos (aqueles que interrompem seu próprio crescimento) não podem ver claramente suas necessidades e tampouco podem distinguir de forma apropriada entre eles e o resto do mundo. Em consequência, são incapazes de encontrar e manter um equilíbrio adequado entre eles próprios e o resto do mundo. A forma que este desequilíbrio geralmente toma é a pessoa sentir que os limites sociais e ambientais penetram muito fundo dentro dela mesma; a neurose consiste em manobras defensivas destinadas ao equilíbrio e proteção contra este mundo invasor.
Perls sugere que existem quatro mecanismos neuróticos básicos-distúrbios de limites-que impedem o crescimento: introjeção, projeção, confluência e retroflexão. (Na estrutura em cinco camadas da neurose, descrita a pouco atrás, estes mecanismos de defesa operam basicamente na segunda e terceira camadas.)
Introjeção. Introjeção ou “engolir tudo” é o mecanismo pelo qual os indivíduos incorporam padrões, atitudes e modos de agir e pensar que não são deles próprios e que não assimilam ou digerem o suficiente para tomá-los seus. Um dos efeitos prejudiciais da introjeção é que os indivíduos introjetivos acham muito difícil distinguir entre o que realmente sentem e o que os outros querem que eles sintam -ou simplesmente o que os outros sentem. A introjeção também pode constituir uma força desintegradora da personalidade, uma vez que quando os conceitos e as atitudes engolidos são incompatíveis uns com os outros, os indivíduos introjetivos se tomarão divididos.
Projeção. Outro mecanismo neurótico é a projeção; num certo sentido, é o oposto da introjeção. A projeção é a tendência de responsabilizar os outros pelo que se origina no self. Envolve um repúdio de seus próprios impulsos, desejos e comportamentos, colocando fora o que pertence ao self
Confluência. O terceiro mecanismo neurótico é a confluência (patológica)5 . Na confluência, os indivíduos não experienciam nenhum limite entre eles mesmos e o meio ambiente. A confluência torna impossível um ritmo saudável de contato e de fuga, visto que tanto o primeiro quanto o segundo pressupõem um outro. Este mecanismo também impossibilita a tolerância das diferenças entre as pessoas, uma vez que os indivíduos que experienciam a confluência não podem aceitar um senso de limites e, portanto, a diferenciação entre si mesmo e as outras pessoas.
Retroflexão. O quarto mecanismo neurótico é a retro flexão. Retroflexão significa literalmente “voltar-se de forma ríspida contra”; indivíduos retroflexores voltam-se contra si mesmos e, ao invés de dirigir suas energias para mudança e manipulação de seu meio ambiente, dirigem essas energias para si próprios. Dividem-se e tomam-se sujeito e objeto de todas suas ações; são os alvos de seu comportamento. Perls aponta que estes mecanismos raramente operam isolados um do outro, embora as pessoas equilibrem suas tendências neuróticas entre esses quatro mecanismos em variadas proporções. A função crucial que todos esses mecanismos preenchem é a confusão na discriminação de limites.
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