Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

LANÇAMENTO DA CACHAÇA BOACANA

Por:   •  17/10/2017  •  10.422 Palavras (42 Páginas)  •  287 Visualizações

Página 1 de 42

...

Nascida com o país, há 500 anos, ligada a um dos primeiros grandes ciclos econômicos, o da cana-de-açúcar, a bebida continua presente no mercado e cultura dos brasileiros. A cachaça sempre teve larga fabricação em Minas Gerais, 2º estado com maior plantio de cana de açúcar do país, onde tem status de patrimônio cultural.

A produção da genuína cachaça artesanal mineira gera atualmente cerca de 115.000 empregos diretos e acumula ao longo do seu ciclo produtivo uma receita anual de R$1,4 bilhão. O estado possui 8.466 estabelecimentos produtores, onde 85% operam nas margens da ilegalidade, ou seja, não possuem registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Do total de estabelecimentos em Minas Gerais, 53% encontram-se localizados nas mesorregiões do Norte de Minas, Vale do Jequitinhonha e Vale do Mucuri. Isto demonstra uma forte influência da produção nestas regiões, visto as graves restrições socioeconômicas que atravessam. Esse forte apelo social e econômico do setor vem recebendo grande atenção por parte dos setores públicos e privados mineiros, visando ancorar o fortalecimento do meio rural e aproveitar as potencialidades do mercado consumidor da bebida. Como exemplo destaca-se a Lei Estadual nº13.949, que estabeleceu a Cachaça de Minas como produto exclusivamente mineiro, a Instrução Normativa nº56, que regulamentou as normas relativas aos requisitos e procedimentos para registro de estabelecimento produtores de cachaça organizados em cooperativas legalmente constituídas, a criação de entidades para a organização do setor, como a Associação Mineira dos Produtores de Cachaça (AMPAQ) e a elaboração de estudos visando o desenvolvimento da produção.

Cachaça é a denominação típica e exclusiva da aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de 38% a 54% em volume, a vinte graus Celsius, obtida pela destilação do mosto fermentado de cana-de-açúcar, em alambique de cobre, sem adição de açúcar, corante ou outro ingrediente qualquer, com características sensoriais peculiares, podendo ser adicionada de açúcares até seis gramas por litro, expressos em sacarose.

A cachaça contendo açúcares em quantidade superior a seis e inferior a trinta gramas por litro será denominada cachaça adoçada. Será denominada de cachaça envelhecida a bebida contendo no mínimo 50% de aguardente de cana envelhecida, por um período não inferior a um ano, podendo ser adicionada de caramelo para a correção da cor.

A Cachaça de Minas, tradicional e pura, é por Lei Estadual assim definida. Ela corresponde à fração denominada “coração”, que vem a ser a parte destilada, de mais ou menos 80% do volume total, que fica entre as frações “cabeça” e “cauda” ou “água fraca”1. A principal diferença entre a caninha industrial e a cachaça de alambique, é que a primeira é obtida do destilado alcoólico simples, adicionado de açúcares e, também, hidratado para chegar à graduação alcoólica estabelecida em lei. Por outro lado, a cachaça de alambique é obtida pela destilação do mosto fermentado da cana-de-açúcar. Porém, ressalta-se que não há diferenciação legal entre os dois tipos de cachaça. Uma outra diferença entre as duas bebidas é que a cachaça artesanal é destilada em MINAS GERAIS, Lei nº 13.949, de 11/07/2001. Dispõe sobre estabelecer o padrão de identidade e as características do processo de elaboração da “Cachaça de Minas” e dá outras providências. alambique de cobre e a caninha industrial em coluna de destilação contínua (equipamento peculiar na produção de álcool).

O nome “cachaça”, vocábulo de origem e uso exclusivamente brasileiros, constitui indicação geográfica para os efeitos, no comércio internacional, do artigo 22 do Acordo sobre Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual relacionados ao Comércio, aprovado, como parte integrante do Acordo de Marraqueche, pelo Decreto Legislativo nº 30, de 15 dez. 1994, e promulgado pelo Decreto nº 1.355, de 30 dez. 1994.

O uso das expressões protegidas “cachaça”, “Brasil” e “cachaça do Brasil” é restrito aos produtores estabelecidos no Brasil, na forma do Decreto Federal nº 4.062, de 21 dez. 2001

Muito se fala sobre as diferenças entre as cachaças brancas industrializadas, produzidas em colunas e as de alambique, por muitos chamados de cachaça de qualidade. A diferença entre ambas está apenas no processo de produção: artesanalmente, a produção é de batelada - enche-se o equipamento, destila-se e depois o esvazia completamente. No processo de coluna há um volume maior de produção, com fluxo constante, a todo o momento entra por um lado o mosto fermentado e do outro sai à cachaça já destilada, acelerando a produção da bebida (AMPAQ, 2004).

A cachaça de alambique pode sim ter uma qualidade um pouco superior à de coluna, desde que tenha um controle de produção e qualidade, o que na maioria dos alambiques espalhados pelo interior do Brasil não acontece. A melhoria de qualidade ocorre porque o alambique funciona como um reator químico, favorecendo a formação de alguns componentes voláteis do produto final. Também o cobre presente nos condensadores dos alambiques, por exemplo, funciona como um catalisador, favorecendo a formação de aromas e buquês. Porém, este artifício é também usado em muitas destilarias de colunas no Brasil, passando pelo mesmo processo de formação de aromas (SEBRAE/MG – Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais, 2004).

Portanto, a grande vantagem da cachaça artesanal em relação a industrial é o aroma e buquê enquanto a vantagem da cachaça industrial em relação a artesanal é a padronização do produto, requisito básico para uma bebida que começa a dar seus primeiros passos na exportação e aparece cada vez mais na mídia nacional e internacional.

Industrialmente, controla-se cada etapa do processo, desde a quantidade de açúcar, a temperatura na fermentação e controlando a acidez do produto final, que por Lei pode chegar até 150 mg/l de álcool anidro (SEBRAE/MG, 2004).

Também comenta-se a respeito de diferenças no sabor das cachaças. Dizem que a cachaça artesanal é mais suave, apesar de geralmente ter uma graduação alcoólica mais alta, podendo chegar aos 54%. O que acontece, é que quanto à suavidade, o que realmente influencia é o envelhecimento da bebida. Normalmente as maiorias das marcas industriais não são envelhecidas, enquanto que as artesanais, de uma maneira geral, são envelhecidas (SEBRAE/MG, 2004).

Pela legislação brasileira, o tempo mínimo para uma cachaça ser considerada envelhecida é um ano, porém este

...

Baixar como  txt (70.9 Kb)   pdf (312 Kb)   docx (46.3 Kb)  
Continuar por mais 41 páginas »
Disponível apenas no Essays.club