Essays.club - TCC, Modelos de monografias, Trabalhos de universidades, Ensaios, Bibliografias
Pesquisar

Regulamentação da Prostituição

Por:   •  21/4/2018  •  4.647 Palavras (19 Páginas)  •  303 Visualizações

Página 1 de 19

...

De acordo com o entendimento de Canotilho, uma Constituição dirigente e compromissada se impõe como lei mesmo no âmbito de direitos fundamentais de modo que estes não podem ser rebaixados a meras declarações ou meio de oportunidade política[6].

Ao pensar em políticas públicas internacionais nos embasaremos no princípio da não discriminação adotado pelo Direito Internacional dos Direitos Humanos, que tem por objetivo “a proteção do ser humano em todas e quaisquer circunstâncias” de acordo com Cançado Trindade, e também no pleito pela descriminalização da prostituição em todas as suas formas pela Anistia Internacional[7].

Cançado Trindade, afirma que laborar na proteção internacional dos direitos humanos, “é como o mito do Sísifo, uma tarefa que não tem fim” [8]. Razão pela qual, sugestionamos também, a análise dos sistemas de proteção dos direitos humanos globais e regionais que buscam prioritariamente a efetivação de direitos de minorias que sofrem discriminação e estigmatização bem como análise da possibilidade de criação de políticas públicas voltadas ao trabalhador do sexo considerando-o como um ser de direitos internos e internacionais a fim de garantir efetivamente seus direitos.

1.3. Objetivo

1.3.1. Objetivo geral

Demonstrar se é constitucional a regulamentação do trabalho sexual no âmbito do direito interno para que ocorra a efetivação da liberdade profissional estabelecida no art. 5°, XII com base no princípio da dignidade da pessoa humana e no princípio da não discriminação.

1.3.2. Objetivos específicos

- Analisar o conceito de Constituição dirigente e de normas programáticas.

- Definir a liberdade profissional sob enfoque do trabalho sexual.

- Investigar argumentos feministas e fundamentalistas que embatem a regulamentação do trabalho sexual.

- Investigar a atipicidade do trabalho sexual.

- Analisar de forma crítica o Projeto de Lei N° 4211/12 (Lei Gabriela Leite).

- Definir o indivíduo como sujeito tanto de direito interno quanto de Direito Internacional.

- Pesquisar os movimentos da Anistia Internacional no que tange a criação de políticas para proteger e efetivar direitos humanos das pessoas dedicadas ao trabalho sexual.

- Analisar a importância do Direito Internacional para a efetivação dos direitos Humanos de acordo com Cançado Trindade com base no princípio da não discriminação.

- Analisar as formas de entendimento que podem ser adotadas pelos Estados com relação à prostituição.

- Discutir a abrangência dos sistemas de proteção dos direitos humanos globais e regionais.

1.3.3. Justificativa pessoal

O tema objeto desse projeto de pesquisa surgiu a partir do nosso interesse na efetivação dos direitos humanos e sociais observando a liberdade profissional e a dignidade do trabalhador. O assunto chegou a ser debatido durante as aulas de Direito Constitucional e visto em artigos de jornais em que tratavam de decisões judiciais de salvo conduto a prostitutas que foram presas por exercerem a prostituição, sem ao menos esta ser considerada crime. Traz-nos interesse ainda, por dizer respeito a situações cotidianas vividas por pessoas que exercem a prostituição e não tem sua forma de trabalho regulamentada, além de ter direitos fundamentais muitas vezes suprimidos embora a Constituição estabeleça a liberdade profissional como um direito.

1.3.4. Justificativa teórica

Observamos que a questão da regulamentação da prostituição tem sido objeto de debate moral e político há muito[9], porém não houve dispêndio doutrinário no sentido de utilizar como critério o direito a liberdade profissional e efetivação da dignidade para regulamentar o trabalho sexual.

Autores clássicos como Canotilho[10], Paulo Bonavides[11] e Manoel Gonçalves Ferreira Filho[12], abordam a existência da liberdade profissional eis que é um constitucional, porém não com muito afinco e dedicação ao tema e, também não relacionam o trabalho sexual como exercício de liberdade profissional embora seja uma escolha possível ao indivíduo.

A regulamentação do trabalho sexual, para Guilherme de Souza Nucci, possibilita controle Estatal do exercício das atividades e da exploração sexual, além da viabilizar a promoção de políticas públicas de proteção e defesa de direitos por parte do Estado.

Ressaltamos que a regulamentação da prostituição ultrapassa questões sociais, moralistas e fundamentalistas[13]. O mercado da prostituição interpretado como negocio econômico nos leva a problematização a respeito de trabalho, economia, questões de gênero e uma “desnaturalização” cultural de mencionadas “relações” [14], além de atingir a efetivação de direitos fundamentais, por meio de ações contra a violência e discriminação, a implementação de programas sociais de inclusão como de saúde, além de retratar a luta pela dignidade dos trabalhadores sexuais perante a sociedade e particularmente o resgate de sua autoestima[15].

Uma evolução política como a regulamentação do trabalho sexual[16] no âmbito interno é capaz de mudar o status[17] dos trabalhadores do sexo cumprindo de fato o que a Constituição Federal estabelece com liberdade profissional e no âmbito externo a criação de políticas voltadas aos trabalhadores sexuais possibilita atingir objetivos do Direito Internacional dos Direitos humanos, como a proteção de grupos vulneráveis embasados no princípio da não discriminação.

Há de acordo com Cançado Trindade, uma legítima preocupação de toda a comunidade internacional que impulsionou o processo de universalização dos direitos humanos. E essa preocupação “com a promoção e proteção dos direitos humanos em todo o mundo (obrigações erga omnes de proteção)”, é que justifica a discussão a respeito da proteção internacional às categorias vulneráveis como é a do trabalhador do sexo.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

A Constituição Federal/88 em seu art. 5°, inciso XVII elenca a “liberdade profissional”, um direito que trata da possibilidade do livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão desde que atendidas às qualificações

...

Baixar como  txt (35.3 Kb)   pdf (93.1 Kb)   docx (33.3 Kb)  
Continuar por mais 18 páginas »
Disponível apenas no Essays.club