A Desjudicialização e Consensualidade
Por: lucianaanjos • 29/1/2022 • Projeto de pesquisa • 1.448 Palavras (6 Páginas) • 389 Visualizações
PRÉ-PROJETO DE DISSERTAÇÃO
DESJUDICIALIZAÇÃO E CONSENSUALIDADE. A JUSTIÇA NO ESPAÇO E NO TEMPO, ATRAVES DA ÉTICA DA ALTERIDADE
Linha de pesquisa: Teoria e Filosofia do Direito
DESJUDICIALIZAÇÃO E CONSENSUALIDADE. A JUSTIÇA NO ESPAÇO E NO TEMPO JUSTO, ATRAVES DA ÉTICA DA ALTERIDADE
1. Resumo
O presente projeto tem por fim discutir e analisar em que medida a desjudicialização e a aplicação da cláusula geral prevista no artigo 190 do NCPC (convenções processuais), traz aos indivíduos a noção de responsabilidade, em especial na justiça do trabalho, por verificar que na consensualidade, o outro é um dado a ser considerado, portanto, se exige empatia, o que parece não ocorrer quando delegamos a solução do conflito a um terceiro. Tal controvérsia quando enfrentada pelo C.TST resultou na edição da IN 39/2016. Todavia, estaria correta a interpretação do C.TST ou, diferentemente de como entendeu, seria exatamente por afirmar a responsabilidade que temos pelo outro, no exercício pragmático da ética da alteridade construída por Lévinas, que deveríamos aplicar a consensualidade nos direitos indisponíveis transacionáveis, como é o caso do direito do trabalho? A perfeita aplicabilidade dos métodos adequados de solução de conflito no âmbito da justiça do trabalho, e da cláusula geral dos negócios jurídicos processuais, segue com resistência também quando ousamos pensar em soluções extra muros do Poder Judiciário. A majoritária visão adversarial, não tem permitido esta evolução da consensualidade, mas, também, uma dificuldade em democratizar espaços de poder e aceitar tempos não procedimentais, não inseridos em rituais concebidos pelo próprio Estado juiz. A problemática da aplicação dos institutos mencionados precisa ser estudada de forma imersa na perspectiva da responsabilidade pelo outro, na empatia, permitindo assim ao homem responder ao chamado para realizar o bem além do ser, que é sua vocação.
2. Introdução e justificativa, com síntese de bibliografia fundamental
Na temática das soluções adequadas de conflitos e as convenções processuais, no âmbito da justiça do trabalho, o C.TST editou a Instrução Normativa 39/2016 enunciando, administrativamente, quais normas do NCPC não seriam aplicáveis ao processo do trabalho. Expressamente, quando da edição da instrução normativa, afirmou a não aplicação do artigo 190, parágrafo único (negócios jurídicos processuais), do art. 373, §§ 3º e 4º (distribuição diversa do ônus da prova por convenção das partes), bem como, do art. 334 (audiência de conciliação ou de mediação), exemplificativamente. Por que a dificuldade em se aceitar os métodos adequados de solução de conflito e a aplicação da clausula geral de negócios processuais na justiça do trabalho? Seria, de fato, inaplicável à seara trabalhista tais institutos? Os direitos trabalhistas indisponíveis não seriam então transacionáveis? Pode a aplicação do conceito de responsabilidade como princípio ético na teoria de Lévinas permitir enfrentar a questão por um viés filosófico, no entendimento da empatia e a relacionado com a consensualidade, legitimando, portanto, a aplicação dos temas apresentados? A questão é polêmica o que justifica o estudo do tema, pois a aplicabilidade de tais institutos jurídicos ao processo do trabalho gera embate face a IN 39/2016 do C.TST. Em que pese o alegado embate, pretende-se neste trabalho dirimir a controvérsia e possivelmente demonstrar que a aplicabilidade poderia se dar não só por um viés sistêmico de supletividade e subsidiariedade, como dispõe o artigo 15 do NCPC, mas, essencialmente, pela aplicação da ética da alteridade à hipótese. Toda a temática trazida pelo NCPC é permeada pela noção de cooperação e autonomia dos indivíduos, nesta perspectiva, temos que compreender a nova conceituação processual pelo viés da responsabilidade. Não seria na consensualidade que se poderia atingir a responsabilidade? Inclusive, naquilo que couber, será que não deveria ser afastado o monopólio estatal de jurisdição e buscar um espaço ampliado de soluções de conflitos, sejam nas comunidades ou no chão de fábrica. É importante também impedir que, a despeito de dar efetividade aos meios adequados de solução de conflito, o Judiciário protagonize e determine os espaços de consenso e ritualize o tempo a ser utilizado.
COSTA, Nilton Cesar Antunes da Costa e SANTOS, Rebeca Barbosa. A transação de direitos indisponíveis na mediação. Revista de DIREITO UFMS, v.5, n1, p.208-232
jan/jun 2019
HUTCHENS, B.C. Compreender Lévinas. Trad. De Vera Lúcia Mello Joscelyne. Petrópolis: Vozes, 2007.
LÉVINAS, Emmanuel. Entre nós. Ensaios sobre a alteridade. Trad. Pergentino Stefano Pivatto (coordenador), Petropolis, Editora Vozes, 1997.
______. "Humanismo do outro Homem". Petrópolis: Vozes, 1993.
______. Totalitade e Infinito. Trad. José Pinto Ribeiro. Biblioteca de Filosofia Contemporânea. Lisboa: Edições 70, 2000.
PINHO, Humberto Dalla Bernardina de. A releitura do princípio do acesso à justiça e o necessário redimensionamento da intervenção judicial na resolução dos conflitos na contemporaneidade. Revista Jurídica Luso-Brasileira, vol. 3, p. 791/830, 2019.
VENTURI, Elton. Transação de direitos indisponíveis? Revista de Processo, volume 251/2016, página 391-461, janeiro de 2016.
VASCONCELOS, Carlos Eduardo de. Mediação de Conflitos e Práticas Restaurativas, 6ª edição, Rio de Janeiro: Forense, São Paulo, Método, 2018.
3. Objetivos
- Discutir dificuldades em se aceitar os métodos adequados de solução de conflitos e aplicação da cláusula geral de negócios processuais na justiça do trabalho
- Analisar a aplicabilidade de tais institutos à seara trabalhista
- Aplicar o conceito de reponsabilidade como princípio ético, no viés da ética da alteridade de Lévinas, no entendimento da empatia relacioná-la com a consensualidade
- Legitimar a aplicação de tais institutos ao processo do trabalho.
4. Plano de trabalho e cronograma de sua execução
O planejamento idealizado para o presente projeto seguirá da seguinte forma:
- 3 meses de levantamento bibliográfico
- 2 meses de pesquisa bibliográfica e jurisprudencial
- 4 meses de entrevistas com juízes e mediadores do CEJUSC TRT 1ª Região e aplicação de questionários
- 1 mês para sistematização dos dados coletados
- 1 mês para elaboração da primeira versão da dissertação
- 1 mês para a elaboração da versão da dissertação
- 1 mês para a elaboração da versão final da dissertação
5. Material e métodos
- Levantamento bibliográfico.
- Revisão bibliográfica.
- Análise de conteúdo de sentenças.
- Análise do conteúdo de atas de mediação no CEJUSC TRT.
- Entrevistas com juízes.
- Aplicação de questionários para juízes.
- Entrevistas com mediadores do CEJUS TRT.
- Aplicação de questionários para mediadores do CEJUSC TRT.
6. Forma de análise dos resultados
- Sistematização da bibliografia analisada.
- Revisão bibliográfica do estado da arte.
- Tabulação dos dados coletados com os questionários.
- Análise dos conteúdos das sentenças.
- Análise do conteúdo das Atas de mediação no CEJUSC.
- Transcrição das entrevistas.
7. Bibliografia padrão
COSTA, Márcio Luis. "Lévinas – Uma introdução". Petrópolis: Vozes, 2000.
FABRI, Marcelo. Desencantando a Ontologia: Subjetividade e Sentido Ético em Levinas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997.
FREIRE, Bruno. A Reforma Processual Trabalhista e o Acesso à Justiça. In: Revista de Processo, v. 43. p. 393-410. São Paulo: Revista dos Tribunais,2018.
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