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Borderline

Por:   •  11/4/2018  •  6.359 Palavras (26 Páginas)  •  372 Visualizações

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No começo do século XX, os trabalhos de Eugen Bleuler acerca da esquizofrenia vão contribuir para este tema. Na sua monumental monografia de 1911, “Dementia praecox, ou o grupo das esquizofrenias”, o psiquiatra suíço descreve a existência de um grupo de pacientes que, apesar de apresentarem um comportamento social convencional, faziam-se acompanhar, de modo subjacente, sinais de esquizofrenia. Este quadro ele denomina, “esquizofrenia latente”. Kahlbaum ressaltou o termo “heboidofrenia” ou “hebóide” para certos casos que aparentam apenas transtorno dos sentimentos sociais, do tacto social e do comportamento, mas entretanto, os casos que ele descreveu nesse grupo adquirem um rumo que não difere de outros casos leves de esquizofrenia. (Dalgalarrondo,P., Vilela, W. A. Transtorno borderline: história e atualidade in Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., II, 2, 52-71)

Em 1921, Rorschach comprova, como seu mestre Bleuler, a existência de forma latente de esquizofrenia. Zilborg, por sua vez, em 1941 criou o termo esquizofrenia ambulatorial, para destacar a existência de formas frustas, quase não identificáveis de esquizofrenia, que em vez de ser comum nos hospitais psiquiátricos, tendia a ser habitual nos hospitais gerais e ambulatórios. (Dalgalarrondo,P., Vilela, W. A. Transtorno borderline: história e atualidade in Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., II, 2, 52-71)

É entretanto, Stern, em 1938, o primeiro autor a utilizar o termo borderline, num texto intitulado “Terapia e investigação psicanalítica do grupo das neuroses borderline”. Stern descreveu pacientes que despertavam fortes reacções contra transferências aos seus terapeutas, pacientes que tendiam a regredir intensamente na falta de uma estrutura ambiental mais organizada, situação que eles, contraditoriamente, tentavam evitar. Deutsch, relatando esses estados intermediários entre a psicose e a neurose, descreve, em 1942, a “personalidade como se”. Segundo a psicanalista, essas pessoas expunham uma personalidade que, por trás de uma fraca adequação nos relacionamentos sociais do dia-a-dia, apresentavam um grave distúrbio nos relacionamentos interpessoais mais significativos. (Dalgalarrondo,P., Vilela, W. A. Transtorno borderline: história e atualidade in Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., II, 2, 52-71)

Em 1949, Hoch e Polatin introduziram na vocabulário o termo esquizofrenia pseudoneurótica, definido como uma condição psicopatológica específica, caracterizada pela combinação de “pan-neurose”, “pan-ansiedade” e transtornos omnipresentes de caracter sexual, sintomas esses associados às formas moderadas de sintomas propriamente esquizofrénicos. Durante esse período, houve uma certa oscilação na nomeação dos quadros tidos como intermediários entre neurose e psicose. Vários termos foram sugeridos, tais como: pré-esquizofrenia, carácter esquizofrénico, esquizofrenia abortiva, esquizofrenia pseudopsicopática, carácter psicótico, esquizofrenia subclínica, síndrome borderland e esquizofrenia oculta. É no entanto apenas em 1953, através do trabalho de Robert Knight nomeado “Estados Borderline”, que o termo começa a afirmar-se e a ganhar mais importância na literatura psiquiátrica e psicanalítica. Knight utilizava o termo borderline para pacientes, habitualmente encontrados no contexto da internação psiquiátrica, que não poderiam ser identificados nem como psicóticos, nem como neuróticos. (Dalgalarrondo,P., Vilela, W. A.

Auto/Ano

Denominação

Kahlbaum, 1890

Heboidofrenia

Bleuler, 1911

Esquizofrenia latente

Rorschach, 1921

Esquizofrenia latente

Stern, 1938

Neuroses borderline

Zilborg, 1941

Esquizofrenia ambulatorial

Deutsch, 1942

Personalidade “como se”

Hoch & Polatin, 1949

Esquizofrenia pseudoneurótica

Knight, 1953

Estados borderline

CID-9, 1976

Esquizofrenia latente ou borderline

DSM-III, 1980

Transtorno de personalidade borderline

CID-10, 1992

Transtorno de personalidade emocionante instável, tipo borderline

DSM-IV, 1994

Transtorno de personalidade borderline

DSM-IV-TR, 2000

Transtorno de Personalidade bordeline

DSM, V, 2013

Transtorno de personalidade Bordeline

Transtorno borderline: história e atualidade in Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., II, 2, 52-71)[pic 1]

Não impeditivo, após o prestigiado artigo de Knight, que permitiu a crescente popularidade do termo borderline, continuou a existir bastante desacordo em relação à sua definição precisa. Desde sua criação surgiram dúvidas, por exemplo, de se conceber o borderline como um tipo de paciente ou como um estado transitório, como uma organização de personalidade ou como uma forma grave de neurose, como um tipo atenuado de psicose ou como uma entidade nosológica de direito, ou, finalmente, tratar-se-ia apenas de uma anotação para quadros clínicos que os terapeutas e psicanalistas não conseguiam de forma confortável adaptar às categorias diagnósticas clássicas, já bem conhecidas. Na tabela 1 podemos observar um resumo da evolução histórica terminológica relativa ao transtorno borderline. (Dalgalarrondo,P., Vilela, W. A. Transtorno borderline: história e atualidade in Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., II, 2, 52-71)

[pic 2]

Etiologia

Segundo, Kapczinsk e Izqueirdo (2004), citados por Maria Malta Machado (2010) que refere que, a multicasualidade dos transtornos psiquiatricos inclusive o transtorno de personalidade borderline

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