Bioquímica da Cárie Dental
Por: Carolina234 • 2/3/2018 • 1.799 Palavras (8 Páginas) • 884 Visualizações
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Existem trocas iônicas entre a saliva e o esmalte dental, onde depende da situação do PH do meio bucal. Sendo assim:
Se o PH estiver ácido, abaixo de 5,5 os esmalte doa cálcio e fosfato para a saliva, este processo se chama desmineralização, acontece simplesmente após uma alimentação.
Se o PH estiver acima de 5,5 próximo do neutro, a saliva doa cálcio e fosfato para o esmalte, processo chamado de remineralização.
Porém se o PH persistir ácido, ocorrerá uma grande desmineralização, portanto inicia-se o processo carioso.
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As bactérias criogênicas são ácidofílicas, ou seja, produzem ácidos. O estreptococos mutans é a bactéria principal para a formação de cárie, pois produz o ácido lático (ácido forte com grande poder de desmineralização) através da sacarose. Como para a formação de cárie tem que ter carboidratos, a sacarose é metabolizada, pois é o açúcar mais cariogênico, sendo que, a partir da sacarose o Mutans consegue sintetizar um polissacarídeo chamado mutano e o ácido lático. As funções do mutano são: adesão da bactéria na superfície do dente e reserva energética.
A teoria mais aceita para a etiologia da cárie dentária é a teoria acidogênica: Muller e fosdick, sendo;
As bactérias acidogênicas produzem ácidos, através da fermentação dos carboidratos, e esses ácidos atacam as matérias. Após este processo vem as bactérias proteolíticas hidrolisando as proteínas da matriz proteica do dente, gerando aminoácidos e produtos microbianos. Ou seja:
Após o ácido lático ser formado, ele ataca a hidroxiapatita (principal mineral do dente, resistente e insolúvel), transformando-a em ortofosfato de cálcio que é um mineral insolúvel, porém na presença de ácidos esse ortofosfato de cálcio se transforma em ortofosfato monoácido de cálcio, sendo este na forma solúvel, portanto ocorre ai uma desmineralização, onde esse mineral solúvel vai para a saliva. Com a lesão formada na estrutura do dente pela desmineralização, as bactérias proteolíticas entram nessa lesão e vão atacar a matriz proteica. Ao sofrer ação das enzimas proteases, geram aminoácidos que também sofrem ação de mais enzimas, passando por diversas reações gerando vários ácidos que fazem a desmineralização ocorrer intensamente.
Essa teoria afirma que o primeiro a atacar é a flora acidogênica e depois a proteolítica.
Outra teoria surgida é a teoria proteolítica: Bodecker e Gottliel, afirmando que quem ataca primeiro é as bactéria proteolíticas, Sendo:
Durante o processo de formação dos dentes, pode ocorrem falhas na calcificação, deixando falhas no esmalte, chamados de fendas ou lamelas, que são na verdade regiões hipocalcificadas, ou pobre em cálcio, sendo por estes lugares que as bactérias entram.
E por último a teoria da proteólise com quelação: Evam, Prophet e Schatz. Afirma que a desmineralização ocorre em PH ligeiramente ácido ou básico (6,0 a 6,9). Segundo a teoria existem alguns agentes açúcares ou produtos bacterianos que sequestrariam o cálcio formando complexos solúveis, assim a desmineralização ocorreria.
OBS: desmineralização e remineralização ocorrem constantemente, pelo fato do PH estar em constante modificações, porém se este permanecer baixo por tempo prolongado inicia- se ai a lesão de cárie por desmineralização.
Existem fatores que predispõe a formação da cárie, sendo gerais ou sistêmicos.
Fatores hereditários: Existem raças e famílias mais suscetíveis a terem cárie, pessoas com o esmalte mais bem formado que outras, genes mais suscetível a cárie. Portanto a Organização mundial da saúde(OMS) determina o índice de CPOD (dentes cariados, perdidos obturados)
3000 crianças brancas: CPO 4,0
3000 crianças negras: CPO 3,0
Fatores nutricionais: No período de formação dos dentes(odontogênese) minerais, proteínas, vitaminas são muito importantes, e é através da alimentação é que se reforça esses nutrientes.
. Proteínas: Formam a matriz proteica do esmalte e da dentina, pois se houver deficiência na matriz proteína, o dente fica mais frágil e mais suscetível á cárie.
. Minerais: Os minerais que constituem o dente é o cálcio e fosfato, formam a hidroxiapatita, portanto se houver pouca calcificação irão formar as lamelas, que são regiões pouco calcificadas, sendo que quando ocorre na dentina são chamados de espaços de czermack.
. Se a relação de cálcio e fosfato não for ideal a absorção na parede intestinal não acontecem bem e os minerais não chegam aos dentes.
Se ingerir mais cálcio do que fosfato a relação entre cálcio e fosfato vai ser alta e o intestino não irá absorver, portanto no esmalte e na dentina terá uma baixa relação de fosfato e carbonato, sendo assim o dente fica mais suscetível a ter cárie. Porém se a relação de cálcio é fosfato for baixa vai haver uma melhor absorção e uma relação alta de fosfato e carbonato na cavidade oral, sendo assim o dente fica menos suscetível a ter cárie.
- Flúor: A ingestão de flúor durante o período de formação dos dentes é importante, porém se ingerido em excesso leva a fluorose, sendo também de alta toxidade, a quantidade certa é 1mg F/L.
O Flúor possui três mecanismos essenciais, quando ingerido cai na corrente sanguínea indo para os ossos e para saliva. Na saliva o flúor substituem algumas hidroxilas da hidroxiapatita, formando a fluoropatita que é muito mais resistente que a hidroxiapatita em relação a ácidos. Também age inibindo a enzima enolase( enzima importante para a formação de ácido lático) e age como catalizador, aumentando o processo de remineralização, prevenindo assim a cárie.
. Carboidratos: Os polissacarídeos por serem muito grandes, são pouco cariogênicos, pois até que haja a sua metabolização o sistema tampão já regularizou o PH do meio, portanto os monossacarídeos e dissacarídeos são os mais cariogênicos, sendo também os carboidratos sólidos mais cariogênicos que os líquidos, pelo fato de grudarem na superfície do dente. Portanto ingestão alta de carboidratos no período de formação dos dentes reduz o cálcio e o fosfato predispondo á cárie.
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