A Psicolopgia
Por: Juliana2017 • 30/10/2018 • 5.591 Palavras (23 Páginas) • 334 Visualizações
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As doenças neurodegenerativas, dentre elas, as síndromes demenciais, não têm maior relevância nesse cenário geral, em termos de prevalência, já que atingem cerca de 1,17% das pessoas entre 65 e 69 anos. No entanto, ao verificar a faixa etária dos 95 anos em diante, observam-se casos de demência em 54,83% da população, em diversas regiões do mundo (LOPES e BOTTINO, 2002). Considerando-se que, na população idosa, evidencia-se crescimento significativo dessa faixa etária (DAVANZO, 2001), espera-se, consequentemente, aumento de casos de demência em curto espaço de tempo, o que justifica o crescente interesse acerca do assunto.
Os ricos para desenvolver o DA, dentre os fenômenos reconhecidos se encontram idade avançada, histórico familiar da demência e aspectos genéticos (CUMMINGS e COLLE, 2002). Outros fenômenos ainda estão sendo estudados, como, por exemplo, ser do sexo feminino, ter baixa escolaridade (TYAS et al., 2001; BRANDT e HANSER, 2004), histórico de depressão (JORM, 2000; GEERLINGS et al., 2000) e ser portador de doenças vasculares (SKOOG et al., 1999; KORNHUBER, 2005). O envelhecimento é considerado, juntamente com as causas genéticas, o maior fator de risco para o aparecimento da DA (PODEWILS et al., 2005; WIMO et al., 2003; SMITH, 1999). Estima-se que, de cada 100 mil pessoas entre os 40 e 60 anos de idade, de duas a três são portadoras de DA.
Sintomas
Os primeiros sintomas apresentados são pequenos esquecimentos, humor inconstante e diminuição do tempo de atenção focada, que são interpretados pelos familiares como características normais do envelhecimento, porém os sintomas se agravam posteriormente, debilitando o paciente, que vem a óbito por outras patologias, como a pneumonia. Fraturas são comuns também, por conta do declínio do equilíbrio e instabilidade postural decorridos do uso de medicamentos para o controle das alterações comportamentais (RIBEIRO, 2008)
Ribeiro (2008), afirma que a perda da memória é a maior característica da doença e envolve a memória episódica, memória semântica e de procedimento. A primeira se refere às memórias que a pessoa tem de episódios de sua vida, a curto ou a longo termo e no Alzheimer há dificuldade em lembrar os acontecimentos recentes, mas não os distantes. A memória semântica abrange memórias não pessoais e de significação de palavras, e a memória de procedimento influencia na execução de atividades, físicas ou mentais. Cada uma pode ser afetada em um momento da doença, não necessariamente todas ao mesmo tempo.
Apraxia, afasia e agnosia, também estão presentes na doença, influenciando na capacidade de efetuar movimentos, fala e compreensão da linguagem e reconhecimento e significação de objetos. O declínio da linguagem afeta também o comportamento e personalidade.
Diagnóstico
Em 2005, o Departamento Científico de Neurologia Cognitiva e do Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia reuniu-se para elaborar os primeiros critérios diagnósticos da Doença de Alzheimer (DA) no Brasil. Na reunião, foi recomendado o critério do DSM-IV para o diagnóstico de demência e o critério do NINCDS-ADRDA (National Institute of Neurological and Communicative Disorders and Stroke e Alzheimer´s Disease and Related Disorders Association) para o diagnóstico da Doença de Alzheimer, devido ao fato de serem os mais utilizados e apresentarem maior especificidade. Porém, no decorrer dos anos, houveram grandes avanços no entendimento da Doença de Alzheimer, tais como a observação de vários espectros clínicos além do amnéstico e a maior capacidade de detectar os processos fisiopatológicos da doença, fazendo assim necessária a revisão desses critérios já estabelecidos.
Nos critérios anteriores, a Doença de Alzheimer era apenas diagnosticada quando havia demência, já na nova proposta a Doença de Alzheimer pode ser diagnosticada em três fases/estágios, sendo eles: a Doença de Alzheimer pré clínica, o comprometimento cognitivo leve (CCL) devido à Doença de Alzheimer e a demência, visto que o diagnóstico da fase pré clínica deve ser restrito à pesquisa.
Em 2007, Dubois e Albert propuseram critérios para diagnóstico clínico DA com intuito de pesquisa, utilizando métodos complementares de diagnóstico: RM, PET ou biomarcadores liquóricos (βA-42 e tau), na busca de maior especificidade e de diagnóstico mais precoce. Esses mesmos autores sugeriram nova definição da doença, não a restringindo apenas à fase de demência, mas procurando detectá-la em estágios pré-clínicos, baseando-se na presença de alterações nos exames de RM, PET e biomarcadores que poderiam sinalizar as alterações fisiopatológicas da DA em pacientes assintomáticos.
Os novos critérios diagnósticos em seus respectivos estágios são:
I. DIAGNÓSTICO DE DOENÇA DE ALZHEIMER PRÉ-CLÍNICA (PARA FINS DE PESQUISA CLÍNICA)
Para fins de pesquisa clínica é possível propor o diagnóstico de DA antes do aparecimento dos sintomas clínicos com base nas informações obtidas através do uso de biomarcadores, conforme proposto por Sperling e colaboradores (2011). No entanto essa proposta ainda requer validação experimental por meio de estudos longitudinais.
• Estágio 1: Amiloidose cerebral assintomática.
– Elevada captação de marcador βA em PET.
– Redução de βA-42 no líquor.
• Estágio 2: Amiloidose + Neurodegeneração inicial.
– Marcadores de deposição β-amilóide positivos.
– Disfunção neuronal no FDG-PET/fMRI.
– Aumento de tau/fosfotau no líquor.
– Redução da espessura cortical/atrofia hipocampal por RM .
• Estágio 3: Positividade para amiloide + evidência de neurodegeneração + declínio cognitivo sutil (testes de alta demanda cognitiva).
– Preenchimento dos estágios 1 e 2.
– Evidência de alteração sutil do nível cognitivo prévio.
– Baixa performance em teste cognitivos mais complexos.
– Não preencher critérios para CCL
II. DIAGNÓSTICO DE COMPROMETIMENTO
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