Diagnóstico da Doença de Chagas
Por: YdecRupolo • 6/2/2018 • 1.513 Palavras (7 Páginas) • 310 Visualizações
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Em que pese à existência de grande variedade de meios de cultura onde o T. cruzi cresce fácil e abundantemente, a hemocultura, como processo diagnóstico desta tripanossomíase, tem sido decepcionante na fase crônica. O inoculo deve ser grande; a incubação a (28ºC) longa, com exames aos 30, 45 e 60 dias, por exemplo; e o número de testes deve multiplicar-se no tempo.
Mais da metade dos casos escapam ao diagnóstico com um só teste. Quando repetida em série, a hemocultura pode revelar mais de 80 ou 90% dos casos positivos.
Xenodiagnóstico. Alguns exemplares de triatomíneos, criados no laboratório e alimentados com sangue de aves (e, portanto, limpos de qualquer infecção), depois de mantidos em jejum por 3 a 4 semanas, são postos a sugar o sangue do paciente suspeito. Quando há tripanossomos, os insetos se infectam e, alguns dias ou semanas mais tarde, passam a eliminar parasitos em suas fezes.
As espécies mais utilizadas no laboratório, para o xenodiagnóstico são Triatoma infestans, T. sordida, T. pseudomaculata e Panstrongylus megistus.
A probabilidade de êxito da prova depende do nível de parasitemia, do volume de sangue ingerido pelos insetos e do número de triatomíneos empregado.
Quando negativa, a prova não exclui a possibilidade de tratar-se de infecção por T. cruzi. Ela é mais eficiente nos casos agudos, quando o resultado pode ser lido após 7 a 10 dias.
Xenodiagnóstico artificial é o que se faz in vitro, para evitar contato dos insetos com paciente (sobretudo se ele apresentar sensibilidade à saliva dos triatomíneos, ou recusar ser picado por estes). Punciona-se uma veia do paciente e coloca-se o sangue dentro de um preservativo estéril (não lubrificado), depois de adicionar-lhe um anticoagulante. O preservativo com sangue é preso internamente à borda de um recipiente adequado (cristalizador, por exemplo) onde vários insetos são colocados e passam a sugar o sangue através da membrana, mesmo em temperatura de laboratório.
O maior inconveniente do xenodiagnóstico é a necessidade de manter, no laboratório, uma colônia de triatomíneos limpos (isto é, criados a partir de ovos e alimentados com sangue de aves). A possibilidade de infecção com T. rangeli deve ser levado em conta nas áreas de distribuição desse tripanossomo.
- Diagnóstico imunológico
Os métodos imunológicos são importantes no reconhecimento da tripanossomíase americana, não só pela grande sensibilidade e pela facilidade de execução, como também porque fornecem informações de valor em prazos curtos (dentro de horas ou minutos). Eles se beneficiam do fato de apareceram os anticorpos no sangue muito cedo, ainda na fase aguda da infecção, e de se manterem continuamente ao longo de toda a fase crônica da doença. Mas não há correlação entre os níveis de anticorpos e os de parasitemia.
Os testes sorológicos são indicados: a) para estabelecer ou afastar um diagnóstico de tripanossomíase, em portadores de cardiopatia de etiologia não definida, megaesôfago ou de megacólon; b) no exame de gestantes oriundas de áreas endêmicas, para controle da transmissão congênita; c) em bancos de sangue, para evitar a transmissão transfusional; d) em inquéritos soro-epidemiológicos; e) no acompanhamento de pacientes tratados.
Os métodos imunológicos mais utilizados são: a imunofluorescência indireta, a hemaglutinação indireta, os imunotestes enzimáticos e a hemaglutinação.
Imunofluorescência indireta. Caracteriza-se por sua grande sensibilidade e pela precocidade das respostas positivas, na fase aguda. Mais de 70% dos casos podem ser diagnosticados nesse período, após a segunda ou terceira semana da doença.
Entretanto, dada à frequência com que essa é assintomática e passa despercebida, o teste é aplicado em geral nas formas crônicas da doença. Estudos comparativos feitos com outros métodos mostraram que os resultados são concordantes em 97% dos casos, mantendo-se a sensibilidade e especificidade sempre em torno ou acima de 99%.
Havendo suspeita de infecção congênita, os títulos altos de IgM, no sangue da criança (determinados por esta reação), constituem um indício seguro de infecção. Por atravessarem a barreira placentária, as IgC não possuem a mesma significação, a não ser depois de seis meses de idade.
Imunotestes enzimáticos (ELISA). A reação faz-se em tubo ou em cavidades de uma placa de matéria plástica em cuja superfície interna os extratos do antígeno solúvel de T. cruzi foram fortemente adsorvidos. Se houver anticorpos no soro do paciente, eles se ligarão ao antígeno e, por sua vez, fixarão as antiglobulinas humanas (que serão adicionadas depois) e permitirão constatar o fenômeno, pois essas antiglobulinas estão conjugadas com uma enzima capaz de dar reação colorida.
Além de simples e barato, o método pode ser automatizado para o processamento quantitativo de grande número de amostras, em um leitor especial para isso (espectrofotômetro). Ele pode ser utilizado tanto na fase aguda da doença (se for empregada uma antiglobulina M) como na fase crônica (com antiglobulina G).
Hemaglutinação. Existem técnicas e materiais padronizados, para esta prova. Assim, sua realização consiste apenas em diluir o soro (ou eluir o sangue coletado em papel de filtro) em solução salina a 0,85% na proporção de 1:30; misturar duas gotas desta diluição com uma suspensão de hemácias sensibilizadas, agitando levemente, e ler o resultado uma a duas horas depois.
Um teste de hemaglutinação rápida foi desenvolvido para uso em bancos de sangue e em inquéritos epidemiológicos.
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