OS MANUSCRITOS DE QUMRAN
Por: Rodrigo.Claudino • 10/10/2018 • 3.244 Palavras (13 Páginas) • 415 Visualizações
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Escritos, que eram preservados por força de Juramentos.
Os Escritos encontrados nas cavernas foram neste capítulo classificados a seguir.
Bíblicos: A Comunidade demostrou com a preservação desses achados, um alto apreço pelas Escrituras, foram encontrados na comunidade fragmentos com partes de mais de vinte e um livros do Antigo testamento em hebraico, encontraram um rolo contendo o livro de Isaías completo, parte de Levíticos, mais de cem Salmos, parte da Septuaginta, fragmentos de livros apócrifos como Gênesis em Aramaico, Tobias, Eclesiástico, Livro do Jubileu, Enoque e alguns testamentos dos Doze Patriarcas, no geral preservadas as leituras do texto Massorético, com pequenas adições e omissões. Quanto a Novo testamento, não há comprovações que os livros que foram encontrados na língua grega, refiram-se a ele, pois não há indícios que a comunidade tinha conhecimento de sobre Jesus.
Religiosos: Por se tratarem da vida religiosa, tais escritos são a maior base para um melhor entendimento da vida e prática dos membros da comunidade, parecendo ser em sua maioria de autoria do Mestre da Justiça. É possível que a Regra da Comunidade, seja o mais antigo documento, nele eram descritas as instruções sobre iniciação na fé essenica, vida em comunidade, extratos litúrgicos, um código penal, entre outros, contendo se necessárias, passagens das Escrituras para validar suas regras. Outro documento encontrado em Qumran, foi fragmentos extensos de um pacto chamado Pacto de Damasco, que continha exortações e estatutos, escritos possivelmente pelo Mestre da Justiça, embasado em histórias e ensinamentos do Antigo testamento, esse documento no campo da hermenêutica possivelmente seja o de maior valor, pois mostra como esses líderes interpretavam as Escrituras. O Rolo da Guerra já mencionado, detalha a ordem da grande batalha final, bem como armas, táticas e como se desenrolaria da batalha da luz com as trevas, na retomada do templo de Jerusalém e posteriormente no domínio de todas as nações da terra pelos membros da comunidade, possivelmente inspirado no livro do Profeta Daniel.
Exposições Bíblicas: foram obras encontradas, onde os líderes da comunidade, entendiam as Escrituras a luz da história recente da seita. Puderam ser divididos em duas categorias: Comentários ou “Pesherim” e Expansões Bíblicas, sendo o primeiro uma espécie de “análise hermenêutica” das Escrituras, pois continham textos bíblicos em verso por verso e posteriores interpretações; já as expansões, são obras contendo narrativas bíblicas reescritas ou expandidas, e implicam em interpretações, chamados por alguns de “Bíblia Reescrita”.
Litúrgicos: São escritos que tratam da ordem litúrgica dos cultos e suas especificações. Dentre estes o mais importante é o Rolo do Templo, pois ele trata exaustivamente das orientações em como seria liturgia depois que o templo fosse devolvido aos remanescentes (os essênios), após ser tirado das mãos do sacerdócio ilegítimo (Judeus da Palestina).
Seculares: Este tipo de escritos são poucos, sendo o mais conhecido o Rolo de Bronze, que trata de uma lista de objetos parte de um inestimável tesouro. Não sendo ainda decifrado do que se tratava.
Quanto a Hermenêutica dos Intérpretes de Qumran, esta, se destacava no sentido prático, pois seus intérpretes buscavam na história da comunidade as confirmações das reinvindicações feitas aos textos bíblicos. Ou seja, não importava o contexto histórico da promessa ou profecia e sim em que fato da história da comunidade isso se encaixava, mas também havia interpretações não alegóricas, porém, a predominância era a espiritualização, buscando provar que o sentido original e real do texto referia-se a irmandade, mesmo que futuramente. Seguem a pressuposições que embasavam este tipo de técnica interpretativa:
Revelação contínua: Consistia em dividir a revelação divina, através das Escrituras em três momentos, o primeiro foi a revelação dada por Deus a Moisés e aos profetas, sem que seu real significado fosse desvendado, posteriormente este significado até então obscuro era revelado ao Mestre da Justiça, e o material produzido por ele ou demais interpretes eram considerados inspirados e por fim aguardavam a vinda do Messias para novas revelações instrutivas.
Consciência Escatológica: A comunidade acreditava que o sentido original das profecias do Antigo Testamento referia-se a eles, e desta forma utilizavam-se da interpretação das Escrituras para provar esta teoria. Sua interpretação era manipuladora a fim de provar suas aspirações e afirmações escatológicas.
Além desses pressupostos mostrados acima, ainda tinham os princípios interpretativos:
Mistério e revelação: Baseados no livro de Daniel, onde o Senhor revela um mistério (raz) e o sentido é revelado somente a Daniel, que traz a interpretação (pesher) do mistério revelado, os intérpretes da comunidade da mesma forma acreditam que a revelação bíblica se desenrola nesses dois estágios, o mistério foi dado aos profetas e a interpretação é revelada através dos interpretes da comunidade, especialmente através do Mestre da Justiça, e o sentido correto era invariavelmente a respeito da irmandade.
Interpretação por revelação: O Mestre da Justiça, ocupava o papel de principal intérprete considerado como aquele a quem Deus revelava o sentido real das Escrituras, e o que ele produzia como escritos inspirados era considerado a expressão da verdade e vontade de Deus.
Referencial escatológico e atualização: O referencial escatológico da comunidade era de que as profecias a respeito do fim foram proferidas exatamente para a irmandade deles, e como interpretavam desta forma era comum haver uma atualização das Escrituras, por exemplo, quando a profecia tratava da destruição dos Babilônicos e dos Assírios, eles interpretavam que se referia aos Romanos, que chamavam de Kittim, dessa forma atualizavam a profecia a sua época.
Alegoria: Alegorizar um texto Bíblico, refere-se a encontrar no texto um sentido real e verdadeiro, que se oculta além das palavras literais do texto, nesse tipo de interpretação, costuma-se não se observar o sentido histórico e literal do texto, por exemplo, a Preciosa pedra Angular, descrita em Isaías 28.16, para a irmandade refere-se ao conselho da comunidade, 1QS 8:4b-8a, como baseavam-se na Lei de Moisés, não seria surpreendente se interpretassem ser essa pedra o próprio Moisés, mas daí referir-se ao conselho da comunidade demostra quão arbitrárias eram suas interpretações alegóricas, entre outros exemplo claros dessa técnica interpretativa utilizada pelos intérpretes
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