Sermão - Habacuque
Por: Evandro.2016 • 18/12/2018 • 3.469 Palavras (14 Páginas) • 423 Visualizações
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No mais, podemos dizer de antemão que Habacuque não tem nenhuma outra causa a pedir. O Senhor advogou a sua causa, concluiu o seu diálogo. O profeta agira como um mediador pactual; agira em função de interceder pelo povo e o conseguiu.
Esse movimento encontrado em Habacuque não é estranho ao pensamento bíblico. O encontramos nas palavras de Salomão em I Rs 8. 33 e 34:
“Quando o teu povo Israel for ferido diante do inimigo, por ter pecado contra ti, e se converterem a ti, e confessarem o teu nome, e orarem e suplicarem a ti nesta casa, ouve tu então nos céus, e perdoa o pecado do teu povo Israel, e torna-o a levar à terra que tens dado a seus pais”.
Há dúvidas quanto ao que significa o termo Sigionote, não há precisão quanto a ele. Uns dizem referir-se a erros cometidos na ignorância, outros falam que é um termo que aparece como instrução musical, a fim de incitar a execução de um salmo com tópico perturbador. A Almeida o coloca como meditação no Salmo 7, a NVI como confissão. Mas, a Revista e Atualizada a coloca como a forma de canto, algo que se aproxima do que encontramos no verso 19, no seu final, especificando algum tipo de instrução musical ao regente, a maneira como ele deve tocar o salmo.
Vencida a dificuldade com o verso 1, avançando para o segundo verso, nele iremos nos deter em toda a exposição de forma que dividiremos essa passagem em duas mensagens: A primeira nos versos 1 e 2 e a segunda do verso 3 ao verso 19.
III. Desenvolvimento.
O cântico foi escrito como uma resposta do profeta a revelação dada sobre os dias vindouros. Naturalmente é inserido no culto público para ser cantado pela congregação durante os longos anos de exílio que se seguiriam.
Essa questão é algo que se encontra na tradição judaica, onde Moisés, por exemplo, foi instruído pelo Senhor, que prevendo a infidelidade de Israel, o manda escrever um cântico e pô-lo na boca dos israelitas a fim de instruir as gerações futuras, vv Dt 31.19. Esse cântico não seria esquecido pelas crianças, vv. Dt 31.21.
Habacuque segue tal linha e tendo visualizado os corredores do tempo, compõem um cântico para instrução de Israel, uma vez que no verso 2 ele exclama: “Tenho ouvido, ó Senhor, as tuas declarações...”. Aqui, está o conteúdo do cântico. Ele foi construído através das eternas declarações do Senhor.
Há 3 objetivos que o profeta possui no verso 2:
Aviva a tua obra; faze-a conhecida e lembra-te da misericórdia.
Mas, antes, ele introduz seu cântico falando sobre as declarações do Senhor.
As declarações do Senhor referem-se tanto ao conteúdo que Habacuque teve contato na resposta do Senhor as suas indagações e que lhe foram dadas em visão, quanto ao conteúdo testemunhal de um relato feito sobre alguém. Alguns textos, como Gn 29.13 – que trata do relato de Jacó sobre sua viagem, contado a Labão, irmão de sua mãe; Ex 23.1 – que fala contra a conduta do testemunho doloso e Nm 14.15 que entre eles é o texto que melhor explica essa questão.
Logo, na escrita do seu cântico Habacuque leva em consideração tudo aquilo que anteriormente fora escrito sobre Deus e seus feitos, quer tenha sido pelos antigos como também pelos profetas contemporâneos a ele, como é o caso de Jeremias, mas, também o fez impelido pela própria visão que o Senhor lhe dera como resposta as suas indagações.
Van Groningen tratando sobre o progresso da revelação diz sobre Habacuque em seu livro O Progresso da Revelação no AT que: “Não houve nenhum progresso na revelação... E o que aquela profecia fez foi apenas confirmar o que foi profetizado por meio de vozes proféticas prévias e contemporâneas relativos à onisciência, soberania e graça de Yahweh, e também sua paciência com servos queixosos que receberam os dons de sua submissão e verdade”.
Outro profeta que escrevera um cântico após o reconhecimento dos atributos divinos fora o profeta Jonas. O capítulo 2 é algo que nos lembrará da escola dos salmistas.
É interessante como que ainda nos dias de hoje vemos crentes que estão em busca de sinais, como fora o caso dos judeus na época de Cristo e dos apóstolos. Estes teimosamente querem ver progresso em suas vidas sem levar em consideração a revelação de Deus na sua palavra.
O próprio Habacuque tendo recebido uma visão (e eu não estou dizendo que elas aconteçam em nossos dias), não se ufanou no escrever seu cântico (capítulo 3), antes ele olhou para trás, para a revelação presente em seus dias, quero dizer com isto: para a Palavra de Deus, a Lei do Senhor. Ele olhou para a “tradição bíblica”, isto tudo fez para não incorrer em erros na sua tarefa. Logo, podemos dizer que o profeta estava apenas perseverando na promessa do Senhor.
Nesta postura de Habacuque entenderemos muito bem as palavras de Paulo aos Corintos, quando muitos o procuravam buscando sinais e sabedoria, sua palavra para estes foi: “Porque tanto os judeus pedem sinais, como os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios” (I Co 1. 22 e 23).
Para Paulo seria necessário pregar o evangelho verdadeiro, genuíno, uma vez que se buscava outra coisa e não a verdade, e esta em Cristo. Parece ser contraditório dizer isso, mas: é necessário pregar o evangelho aos evangélicos em nossos dias.
Além do mais, veio sobre Habacuque um efeito das declarações do Senhor, e qual foi? Verso 2: “Tenho ouvido, ó Senhor, as tuas declarações, e me sinto alarmado”. A corrigida e fiel põe: “Ouvi, SENHOR, a tua palavra, e temi”. A NVI: “Senhor, ouvi falar da tua fama; tremo diante de teus atos”.
O efeito que sobreveio a Habacuque foi aquele que nasce em todo servo de Deus quando está diante de sua palavra, o temor obediente aos seus preceitos. Não é qualquer temor, mas, um temor obediente. É importante que se frise isso, pois, a muitas palavras por ai sendo ditas como sendo palavras de Deus, bem como, há muitos crentes que se dizem cristãos que ouvem, assistem ou leem mensagens cristãs, profundas, cheias da verdade, mas, que não tremem diante de Deus ou temem a Ele. Ufanam-se com ela, se enchem de orgulho, batem no seu próprio peito, mas, não a obedecem em humildade.
A estes também é necessário que se pregue o Evangelho novamente, pois, se os judeus buscavam sinais, em contrapartida, os gregos buscavam sabedoria, Paulo pregou Cristo crucificado
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