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A Prostituição

Por:   •  25/12/2018  •  3.665 Palavras (15 Páginas)  •  463 Visualizações

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Convém destacar que o preconceito somente existia em relação à prostituta. Elas eram condenadas, desvalorizadas e insultadas pelos homens da Grécia em suas falas para o público e em seus escritos. Entretanto, o homem grego poderia fazer uso da atividade sexual sem passar pelo estigma, que, pelo contrário, era visto com orgulho pela sociedade na Época.

Realidade semelhante à da cultura grega, teve a população romana, no período que variou do século V a.C desde a criação do império gigantesco que conquistou quase toda a Europa até alguns séculos depois de Cristo, e como característica de sua majestosa cultura, sempre teve a prostituição como uma parte integrante de sua rede cultural, aceitando e recebendo abertamente suas praticas na sociedade romana da época. (MARQUES, 2004)

Na antiga Roma, a sexualidade e a prostituição eram fatos aceitos da vida sendo abertamente executados e explorados. Para Murphy (1994, p.26) “o Estado não se envergonhava de tirar proveito publicamente do comércio sexual”, inclusive cobrava imposto sobre as prostitutas, objetivando-se diretamente lucro da indústria do sexo.

Em relação a prática do ato, de acordo com Roberts (1992, p.60) “homens de todas as idades preferiam se envolver em atividades e relacionamentos sexuais com prostitutas, concubinas e escravas”. Na época sempre havia alguém por perto que pudesse satisfazer seus desejos sexuais. A prostituição era natural na antiga Roma, aceita sem nenhuma vergonha.

Para alguns, era inclusive considerado, de certa forma, um serviço público e de grande lucratividade, pois alguns bordeis se especializaram em atender os grandes exércitos romanos, se estabelecendo onde os regimentos montavam acampamento, com o objetivo de atender as necessidades da tropa, como afirma Murphy (1994, p.36):

Os primeiros bordéis militares eram muito simples, pouco mais que choupanas de madeira cobertas de sapé, sobre fundações de barro. Em lugar dos bancos de pedra cobertos de almofadas e colchões utilizados em Roma, os clientes tinham que satisfazer-se sob estrados de madeira cobertos de palha. Nas casas mais requintadas os estrados eram cobertos de peles de ovelha, só que, evidentemente, esses locais estavam reservados para os oficiais. Relatos da época dão conta de longas filas de soldados de infantaria diante daquelas choupanas nos dias de pagamento, movendo-se como uma linha de montagem.

Essa pode ser considerada a era de ouro da prostituição, que apesar de carregar seus estigmas era recepcionada pela cultura e tinham uma certa aceitação e reconhecimento do estado, entretanto com a queda do império romano, por aproximadamente 4 séculos que seguiram, a Europa caiu na época que ficou conhecida como idade das trevas.

A idade das trevas pode ser definida como uma periodização histórica que enfatiza as deteriorações cultural e econômica que ocorreram na Europa consequentes principalmente por conta do declínio do Império Romano, de acordo com Roberts (1992) a idade das trevas foi um período obscuro da historia, pois a economia, a cultura e as artes do amor, do prazer e do conhecimento que eram muito difundidas e praticadas por todo império romano, quase desapareceram durante a Idade das Trevas, é um período complicado para os historiadores pois poucos registros existem que datam dessa época.

A igreja por sua vez teve um papel de destaque nessa época. A ideia do bem e do mal, certo e errado foi extremamente difundida principalmente pela igreja católica nesse período, o sexo passou a ser considerado um tabu e sua pratica deveria se dar apenas para fins reprodutivos, o que de certa forma acabou com o frenético mercado da prostituição europeia nos anos que seguiram.

Com o apogeu do mundo romano e o subsequente surgimento de uma sociedade menos complexa, com menos necessidades, sem dinheiro e acima de tudo, moralmente orientada pela igreja, as prostitutas urbanas viram seu meio de vida desaparecer repentinamente. No entanto, alguns dos poucos registros contam que a maioria das profissionais adaptaram-se as novas condições em que se encontravam, em virtude de sua forte tradição de sobrevivência ante as circunstâncias aparentemente impossíveis.

Nos séculos seguintes ocorreram diversas modificações que envolviam a atividade, ocorreram movimentos de sindicalização, tentativas regularização da atividade e diversos outros movimentos e acontecimentos de menor e maior importância. O certo é que a prostituição sempre evoluiu, se adaptou e acompanhou as mudanças da sociedade. Para Braz (2011, p.4):

A prostituição saiu das pocilgas e das sombras da antiguidade, foi aos bordéis, às ruas, formando territórios, emergiu aos clubes de luxo, e na atualidade se expressa pela internet, anúncios de jornais, e tornou-se uma categoria de análise relacionada à tendência capitalista do turismo, construiu vários meandros a ponto de ser fundamental para o entendimento das relações interpessoais do contexto social urbano do século XXI, sendo objeto de análise de várias ciências, envolvendo-se com o lícito e o ilícito, produzindo e reproduzindo ideologias e territorialidades flexíveis e condicionadas às suas necessidades, ou seja, reformulando o ato de prostituir-se, adaptando-se às necessidades e tendências da contemporaneidade capitalista

E é essa dualidade de contextos, que ora envolvem o estigma social, o medo, e a rejeição dos padrões considerados adequados e, que, ora envolvem a sensação de liberdade e autonomia e independência financeira que fazem da prostituição algo atrativo, tanto pela prostituta como pelo cliente, no qual é construído o processo que proporcionou a sua permanência durante todo o recorte temporal da evolução da humanidade, podendo ir mais longe e dizer que contribuiu para sua adaptação e evolução, interligando-se com os mais variados meios sociais, sejam eles lícitos ou ilícitos, morais ou imorais.

1.2.1 – A prostituição no Brasil

Durante o período de descoberta e colonização do Brasil, os primeiros navegantes que aqui chegaram vieram sem suas famílias a fim de explorarem as terras. Como forma de satisfazerem suas necessidades sexuais e, ao mesmo tempo, se aproximarem dos índios da terra, os colonos mantinham relações sexuais com as índias e, quando as engravidavam, viravam parentes dos índios, obtendo mão de obra para carregar o pau-brasil para suas embarcações (Ribeiro, 1995).

Entretanto essa miscigenação desenfreada incomodou a Igreja portuguesa que logo tratou de resolver o problema da natalidade na colônia, enviando para a colônia os segregados, falidos, e até mesmo as prostitutas,

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