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O Que é Ética

Por:   •  17/7/2018  •  2.344 Palavras (10 Páginas)  •  249 Visualizações

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princípios morais foram, então, pensados em termos estreitamente racionais, universais, eternos – é a “moral natural” -, que estariam presentes em todos os homens. Enraizados apenas na natureza humana, aparecem como princípios independentes das confissões teológicas. Essas ideias são defendidas tanto por Voltaire quanto por Kant.

Na terceira fase da história da moral, que o autor a chama de fase pós-moralista, a qual rompe, embora o complementando, o processo de secularização acionado no fim do século XVII e no século XVIII. Sociedade pós- moralista, não sociedade pós-moral; sociedade que exalta mais os desejos, o ego, a felicidade, o bem-estar individual, do que o ideal de abnegação. Nossa cultura cotidiana desde os anos 1950 e 1960 não é mais dominada pelos grandes imperativos do dever sacrificial e difícil, mas pela felicidade, pelo sucesso pessoal, pelos direitos do indivíduo, não mais pelos seus deveres.

8.Podemos afirmar que existem descontinuidades e semelhanças entre a era teológica e a laica moralista. Em que elas consistem?

Resposta:

Consiste em uma moral sem obrigações nem sanções, ou seja, uma moral emocional descontinua que se manifesta principalmente por ocasião de grandes desesperos humanos.

9.O que significa afirmar o “eclipse e a deslegitimação das morais-sacrificiais” em favor da uma autonomia individualista? Exemplifique.

Resposta:

Que na evolução é perceptível no campo da moral dita social ou coletiva. Não se pede mais aos indivíduos, como faziam não faz muito, os livros, as canções, os manuais escolares, que morram pela pátria. A devoção à pátria deixou de ser um valor ensinado e exaltado. Ainda se entra em guerra, mas se quer “morte zero”. Não há mais ideais revolucionários e ninguém pensa em sacrificar-se pela sociedade sem classes ou pela revolução. A época pós-moralista coincide com o eclipse e a deslegitimação das morais coletivas-sacrificiais.

Na esfera privada, uma mesma lógica opera. Tomemos a família. É verdade que esta se encontra novamente num pedestal, mas, ao mesmo tempo, nunca houve tantos divórcios, tantas uniões livres, tantos filhos fora de casamento. Em resumo, cada um se impõe como um ator livre das antigas imposições coletivas. O novo sopro ideológico da família não significa de forma alguma uma reabilitação dos deveres familiares, ou seja, submissão do indivíduo aos deveres em relação à coletividade representada pela família, mas ascensão de uma família psicologizada, à la carte, emocional, gerida segundo o princípio da autonomia individualista.

10.Em que medida a moral da fase pós-moralista assume um caráter emocional e pode ser relacionada com as leis do espetáculo? Exemplifique.

Resposta:

11.Quais os dois fatores citados pelo autor como explicativos de uma reafirmação ética no mundo contemporâneo? Comente cada um.

Resposta:

Em primeiro lugar, temos as novas ameaças geradas pelo desenvolvimento da tecnologia, ameaças especialmente ao meio ambiente. Quando a técnica ameaça a sobrevivência do planeta, a defesa da natureza torna-se um objetivo prioritário. A questão de nossa responsabilidade planetária torna-se inevitável. Mas também os progressos no campo biomédico serviram de fermento à revitalização ética. Todos esses progressos na esfera biomédica balançaram as referências tradicionais da vida, da morte, da filiação. Nessas condições, é incontornável a questão sobre os limites do nosso poder tecnocientífico. Até onde ir? Que se pode ou não fazer? O questionamento ético surge como uma necessidade de limites e de proteção para o homem diante dos perigosos da tecnociência e da autonomia individualista.

Um segundo fator, também essencial, deve ser considerado. Trata-se do novo contexto econômico, ideológico e político, marcado pela nova pobreza e pela erosão dos grandes mitos históricos da modernidade. O esgotamento dos grandes projetos políticos favoreceu a reabilitação do discurso dos Direitos do Homem e das ações caritativas. Quando os grandes breviários ideológicos do progresso e da revolução são abandonados, resta a exigência ética mínima da ajuda aos outros, uma ética da urgência em favor dos deserdados: ajuda humanitária, restaurantes do coração, operações filantrópicas diversas. Quando não se crê mais nas promessas da política, do progresso e do Estado, resta a moral. O sucesso da ética corresponde ao fracasso das ideologias messiânicas, à falência das grandes representações do progresso e da história.

12.Enumere e caracterize as três observações feitas por Lipovetsky a “propósito da reabilitação do referencial ético em nossas sociedades”.

Resposta:

Primeira observação: essa exigência ética permite estabelecer uma imagem mais complexa, menos estereotipada do individualismo, com frequência reduzido ao egoísmo ou ao niilismo puro e simples. Pois, se o individualismo significava a paixão exclusiva pelo dinheiro e auto-absorção em si mesmo, como explicar essa aspiração à ética, à transparência? Como explicar que seres voltados para si possam ainda se indignar e demonstrar generosidade? Não é verdade que o mundo neo-indivisualista seja equivalente de cinismo generalizado, de irresponsabilidade, de decadência geral dos valores. Dizem-nos: “ Não resta nada”. Mas, ao mesmo tempo, nunca houve tanta preocupação com a proteção dos direitos da pessoa, por exemplo, nas organizações anti-racistas, nem tanto cuidado com as crianças.

O culto do presente domina, mas a preocupação com as futuras gerações não desaparece, como testemunha a sensibilidade ecológica. Apesar da cultura neo-individualistas, os indivíduos continuam a exprimir indignação diante do que lhes parece escandaloso. As reações de indignação permanecem vivas: é a prova de que o senso moral não se extinguiu. É verdade que a cultura do sacrifício, da devoção e da culpabilidade está deslegitimada, mas, ao mesmo tempo, o individualismo não significa o naufrágio do espírito de responsabilidade e de solidariedade. O fenômeno do voluntarismo é uma prova disso. No momento em que os valores individualistas triunfam, o voluntariado, na França, ao menos, cresce. Há mais voluntários para ações humanitárias hoje que nos anos 60. Existem, na França, seis milhões de voluntários e uma pessoa em cada quatro declara prestar trabalho voluntário.

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