Hermenêutica
Por: Sara • 21/4/2018 • 1.882 Palavras (8 Páginas) • 376 Visualizações
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Palavras-chave: Hermenêutica, comunicação, interpretação.
1 FRIEDRICH SCHLEIERMACHER POR UMA HERMENÊUTICA MAIS UNIVERSAL NO SÉCULO XIX
Veremos como a hermenêutica, de ciência da interpretação de textos, tornou-se a ciência da interpretação do humano.
Contemporâneo de pensadores do idealismo alemão, Fichte, Hegel e Schleing e mais próximo do romantismo de Friedrich Schlegel, Schleiermacher, se tornou um grande filosofo, teólogo e hermeneuta expressivo. Teve a ousadia de te traduzir os diálogos de Platão para o alemão redigindo introduções fundamentais, que acabaram marcando os estudos platônicos até hoje. Porém sua careira teve início no campo da Teologia (GRONDIN, 2012, p. 23).
Schleiermacher trabalhou como professor de Teologia em Halle no de 1804, se tornou também o primeiro membro do corpo diplomático da Faculdade de Teologia da nova Universidade de Berlin. Vale ressaltar também a publicação de sua grande obra de dogmática sobre A fé cristã (GRONDIN, 2012, p. 24).
No campo da Hermenêutica, Schleiermacher utiliza-se da tradição retórica. Para ele, entender é a inversão de um ato de discurso, em virtude da qual deve ser trazido à consciência o pensamento que se encontra na base do discurso. Portanto, se todo discurso está alicerçado em um pensamento anterior, a tarefa primeira da hermenêutica consiste em reconduzir a expressão a vontade de sentido que a anima, podendo ser compreendida então como a inversão da retórica.
Grondin (2012, p. 25) esclarece que:
Desse modo, a tarefa é entender o sentido do discurso a partir da língua. Tudo o que se deve pressupor em hermenêutica, dirá Schleiermacher em um adágio votado a uma grande posteridade, é a linguagem. Destinada à linguagem, a hermenêutica se divide em duas grandes partes: a interpretação gramatical, que entende todo discurso a partir de uma língua dada e de sua sintaxe, e a interpretação psicológica (eventualmente chamada de técnica), que vê no discurso sobretudo a expressão de uma alma individual.
A contribuição mais original de Schleiermacher, foi sem dúvida a interpretação psicológica, que Gadamer insistirá, porém num sentido critico, levando perder de vista a intenção de verdade do entendimento.
Mas a realidade de Schleiermacher e sua esperança era o desenvolvimento de uma hermenêutica universal, que agisse como uma arte de entender de uma forma geral e não apenas várias hermenêuticas especiais. Conforme Grondin (2012, p. 26) a hermenêutica era vista como uma arte de interpretação, que se seguiria ao entendimento. Agora porém se fazia necessário, uma arte para o próprio ato de entender.
Paul Ricoeur relata que a iniciativa pôr um hermenêutica universal foi tomada por Schleiermacher. O interesse de Schleiermacher é através dessa universalidade, procurar fundamentar uma hermenêutica que pudesse ser aplicada em qualquer obra. Ainda segundo Ricoeur, essa hermenêutica oferecida por Schleiermacher seria um uma forma mais técnica da 2 interpretação. Ele não tinha interesse algum em eliminar os estudos interpretativos e compreensivos presente, porém ter um espaço para estudar novas regras e procurar fundamentar as já postas em prática.
Seria por fim para Schleiermacher, a hermenêutica, uma arte geral do entender e não ser mais encarada como uma arte da interpretação que conduzia ao conhecimento.
2 DESENVOLVIMENTO
Hermenêutica é comumente definida como a ciência da interpretação de textos. Contudo também podemos perguntar como conseguimos entender qualquer coisa na vida, desde o choro de uma criança, um cálculo matemático, o discurso de um político, até a tatuagem no corpo. Na verdade podemos dizer que tudo o que fazemos no mundo, fazemos com um significado para ser interpretado e daí a razão do estudo da hermenêutica. Talvez você conheça a narrativa do Deus Hermes, o mensageiro dos deuses gregos aos seres humanos. Como era muito importante que estes não errassem quanto às palavras ditas pelos deuses, eles contavam com Hermes para que traduzisse a mensagem, sempre obscura e enigmática, para eles. Então, Hermes não era apenas o portador, mas o hermeneuta dos deuses para os gregos. Não que tudo se resuma a ela; entretanto, sem ela pouco podemos fazer.( Sanches, 2013).
O que mais impressiona é a capacidade do ser humano colocar os seus pensamentos pra fora através de palavras e essas palavras serem entendidas por um interlocutor. Esta capacidade veio da necessidade do homem de externar seus sentimentos. Tendo a capacidade de elaborar pensamentos, e também de guardar conhecimentos no cérebro, para poder usar oportunamente, é uma coisa que realmente impressiona neste animal racional, e o torna diferente dos demais e único na face da terra.
De ciência da interpretação de textos, a hermenêutica torna-se a ciência da interpretação do humano. Os sistemas de saberes são apoiados inteiramente na idéia de consciência, sendo assim, o ser humano tem noção desta sua capacidade de dialogar e de interpretar textos. Ciência positivas podem desta forma garantir o acesso a um conhecimento válido e certo, verdadeiro, tornando-se algo próximo a uma epistemologia. De acordo com Roberto S., “o pensamento diltheyano também foi crucial nesse enfrentamento, na medida em que ele torna compreensível o quanto seria pernicioso ao estudo da experiência humana tomar os padrões das ciências naturais para sua análise” (filosofia n.88). O filósofo trabalha em torno de uma única meta: a fundamentação das ciências naturais.. Para Dilthey “qualquer saber possível, se assenta em vivências”. Ao perceber que também as ditas ciências do espírito se servem do modelo vigente nas naturais, ele compreende a emergência de uma fundamentação das ciências do homem, da sociedade e da história no solo em que as vivências se constituem, ou seja, o homem aprende a cultura local, ninguém que mora no Brasil, terá o inglês como língua fluente, nem o espanhol, mesmo que estejamos ao lado da Argentina. Ao retomas essas bases históricas, Dhiltey tenta esclarecer que as vivências da consciência e as visões de mundo que elas constituem em cada época acabam por traduzir as concretações do espírito objetivo em um tempo. Desde seus trabalhos na juventude, Dhiltey procura interligar o criticismo de Umanuel Kant, com o idealismo radical hegeliano, e o método hermenêutico de Friedrich Schleiermacher. O gesto hermenêutico de partir da vivências para a apreensão das experiências da consci~encia
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