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Um sopro de Destruição

Por:   •  6/3/2018  •  4.182 Palavras (17 Páginas)  •  256 Visualizações

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Pádua enfatiza as observações críticas presente no discurso quanto à conduta de colonizadores portugueses no país.

Segundo Pádua, as ideias da relação entre a Terra e a humanidade contidas no discurso de Navarro sugerem um antagonismo potencial entre ambas. Para Pádua Navarro não apontava o colapso como fim e sim como possível progresso social e econômico, pois a destrutividade ambiental dos seres humanos não deriva de ações fortuitas e ocasionais, mas sim de uma tendência básica para “continuidade” consumir a “primitiva substância” do planeta. A preocupação de Navarro é nítida para Pádua, pois no caso do Brasil colonial tem-se um período de intensa destruição ambiental. . (Pádua, 2002, p. 35)

Pádua afirma ainda que o colapso de várias comunidades e atividades produtivas não se dava por forma de guerra entre seres humanos, mas por erros da ação humana frente ao mundo da natureza, esta é apontada como a “mãe comum” que possui uma força ativa e passiva, suportando em silêncio a agressão humana e ativa queria vingança pelos males lhes causado. Era necessário que o homem soubesse respeitar a Mãe Natureza, saber conciliar os interesses próprios com os interesses da natureza (Pádua, 2002, p. 36)

Navarro aponta três medidas fundamentais para conciliação dos interesses do homem e Natureza:

“A) A introdução do arado, para recuperar o solo desgastado e dotar a agricultura de um sentido de permanência oposto ao nomadismo das queimadas; B) Reforma das fornalhas, redução do consumo de lenhas e aumento da produtividade dos engenhos; C) Conservação das matas, estabelecimento de reservas florestais, incentivo ao plantio de árvores lenhosas, frutíferas e medicinais.” (Pádua, 2002, p. 20)

Pádua identifica a temática de Navarro como sendo importante para o contexto do pensamento europeu colonial, apesar de não ser inédita tem sua relevância. No caso do pensamento brasileiro que se tem conhecimento a temática de Navarro tem suma importância, visto que as ideias discutidas no final do século XVIII se aproximam da reflexão ecológica contemporânea. (Pádua, 2002, p. 38)

Para Pádua, apesar do espaço temporal é possível analisar e comparar os pensamentos, práticas e instituições de ambos os períodos. Pádua indica ainda uma continuidade histórica entre os macroprocessos em curso no final do século XVIII e a constituição do mundo contemporâneo. (Pádua, 2002, p. 39)

Para entender o contexto cultural dentro do qual esse tipo de crítica foi capaz de emergir no Brasil setecentista, inclusive na obra de Navarro Pádua aponta a necessidade de reconstruir as dinâmicas sociais e intelectuais que propiciaram o nascimento de uma discussão política sobre o caráter ambiental predatório da economia colonial brasileira. (Pádua, 2002, p. 39)

O estudo da mineralogia representava a salvação econômica para o Brasil. As crises posteriores à revolução de 1789 abriram novos espaços de competição internacional que podiam ser aproveitadas pela agricultura brasileira e Pádua indica entre os intelectuais. Mas isso só seria possível através de uma reforma dessa agricultura marcada pela baixa produtividade. Para isso era fundamental promover duas dinâmicas que tinham seu eixo no trabalho científico. Primeiro a “aclimatização” de espécies exógenas, que pudessem ter valor econômico, a transposição de espécies e a criação de jardins botânico, para garantia da sobrevivência era prioridade para potencias coloniais como a Franca, a Inglaterra e Holanda. (Pádua, 2002, p. 40) Em 1808 começou a ser construído o importante Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Em segundo lugar era importante estudar melhor a natureza brasileira, pois muitas espécies nativas ainda não tinham suas utilidades econômicas identificadas. (Pádua, 2002, p. 40)

Vandelli incentivava as pesquisas a catalogação das espécies, crescia a importância dos recursos naturais, porém sem apoio político para os avanços das pesquisas. O autor desenvolvera textos de protestos contra o mau uso dos recursos naturais e degradação ambiental no Brasil, causados pela subocupação e superexploração do solo. Para Vandelli o fato do “imenso país do Brasil” estar “quase despovoado e inculto” evidenciava a sua ideia de que o progresso econômico não era relacionado à conservação da natureza, para ele era necessário aproveitar de maneira racional e cuidadosa os territórios. (Pádua, 2002, p. 42)

Vandelli criticava a destruição da natureza por motivos utilitários e políticos, fundamentados em uma visão essencialmente pragmática. Vandelli relaciona ainda alguns males da economia implantada no Brasil, inclusive a destruição ambiental, com certos padrões presentes na estrutura social. (Pádua, 2002, p. 43)

O iluminismo luso brasileiro procurava esclarecer o funcionamento do mundo, a escola fisiocrata atribui à natureza valor econômico fundamental para o progresso.

Rodrigo de Souza Coutinho defendia a federalização do império luso (monarquia), o estudo das potencialidades das espécies naturais, revitalização das áreas de mineração e utilização de novas técnicas e analisem mineralógicas. Para Coutinho, segundo os “princípios da economia política” os interesses particulares não entravam em conflito com o interesse público. As doutrinas de Adam Smith começam a ganhar espaço no mundo intelectual luso-brasileiro. Neste contexto caberia ao poder público regular o acesso aos recursos segundo “princípios científicos”, que levassem em conta sua utilidade coletiva, ao invés de deixá-los “abandonados nas mãos de particulares”. (Pádua, 2002, p. 62)

Esta tese não foi difundida unicamente por Sousa Coutinho, mas outros intelectuais e dirigentes políticos se engajaram na difusão dessa ideia.

A defesa desta tese tornou-se problemática, devido aos conflitos ocorridos em Vila Rica(1798), Rio de Janeiro(1794) e Salvador(1798). A defesa de uma espécie de federalismo luso universal como proposta de conciliação para o problema ambiental.

Neste contexto tem-se início a uma certa identidade intelectual e política “brasileira”. Pádua evidencia ainda um sentimento de preocupação com o destino do Brasil entre os intelectuais da época. (Pádua, 2002, p. 63)

Outro ponto apontado por Pádua é a inexistência de um corpus definido de crítica ambiental, mas a existência de alguns instrumentos teóricos que, utilizados de diferentes maneiras poderiam facilitar esse tipo de reflexão. (Pádua, 2002, p. 64)

Pádua

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