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A EVAPORAÇÃO E A EVAPOTRANSPIRAÇÃO

Por:   •  4/12/2017  •  2.031 Palavras (9 Páginas)  •  254 Visualizações

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Relações estatísticas entre precipitação e ETP

As séries diárias de ETP foram calculadas por meio do método de Penman Monteith, utilizando-se as séries de dados meteorológicos diários disponibilizadas recentemente pelo INMET. Os dados de radiação solar incidente não estão disponíveis, de forma que foram estimados com base no tempo de insolação diário. Nos intervalos de tempo em que houve falha na medição de alguma variável, a ETP não foi calculada, adotando-se falha. A exceção foi quando apenas a pressão atmosférica apresentou falha. Neste caso, a pressão atmosférica foi estimada com base em uma regressão linear entre altitude e pressão atmosférica média do mês, estabelecida com base nas normais do INMET. Optou-se por preencher apenas esta variável devido ao fato de sua variação não influenciar fortemente a ETP, conforme já mencionado. Além disso, esta variável é uma das que apresenta falhas mais frequentes, de forma que seu preenchimento agrega bastante informação às regressões.

Os dados de ETP foram então acumulados mensalmente. No caso do número de falhas do mês ser inferior a 5 dias, utilizou-se a média dos demais dias para preencher. Do contrário, o mês em questão não foi incluído nas estatísticas. O mesmo foi feito com a precipitação medida na estação. Uma vez definida uma série de pares de dados de ETP e precipitação mensais, foram ajustadas curvas de regressão entre ambas, no tipo linear. Estas curvas foram definidas para cada mês do ano, de forma a contemplar a sazonalidade. Naturalmente, para validar a premissa de uma relação inversa entre precipitação e ETP, as curvas resultantes deveriam resultar decrescentes, ou seja, com parâmetro angular negativo.

RESULTADOS

Análise estatística das variáveis meteorológicas

Velocidade do vento (ou: “dias chuvosos têm vento mais forte?”)

Na maioria das regiões, o resultado confirma a afirmativa feita de que a relação entre velocidade do vento e a ocorrência de chuvas é muito tênue. De forma geral, observou-se uma tendência de vento mais intenso com tempo seco em cidades litorâneas. Já em cidades serranas de todo Brasil a relação foi contrária, com ventos mais intensos associados a tempo chuvoso, sinalizando que a topografia tem um papel importante na relação entre intensidade do vento e a ocorrência de dias secos e chuvosos.

Temperatura (ou “dias chuvosos são mais quentes?”)

Em quase 90% dos casos, dias mais secos tiveram temperatura máxima significativamente mais alta do que dias chuvosos. A afirmação de que dias mais nublados/chuvosos tendem a ter temperaturas mínimas mais altas é válida para regiões temperadas, porém não se aplica a regiões tropicais e equatoriais. Os resultados permitem concluir que, de forma geral, dias chuvosos tendem a ser um pouco mais frios. Houve também uma frequência relativamente alta de situações em que o teste não pôde ser rejeitado. No entanto, isto ocorreu principalmente nos meses de junho a setembro, em que os dias chuvosos são muito raros na maior parte do país. Assim, a dificuldade de rejeição da hipótese se deve provavelmente ao tamanho amostral muito pequeno das séries de dias chuvosos nestes meses, e não a um eventual equilíbrio da temperatura em dias secos e chuvosos.

Insolação (ou “dias chuvosos são mais nublados?”)

Neste caso a correlação é bastante direta e intuitiva, e a análise estatística confirma este resultado, uma vez que, em praticamente 100% dos meses/estações, a insolação média foi maior com tempo seco do que com tempo chuvoso.

Umidade relativa do ar (ou “dias chuvosos são mais úmidos?”)

Da mesma forma que no caso anterior, esta correlação é intuitiva e é confirmada pela análise estatística.

Pressão atmosférica

Neste caso, percebe-se também uma diferenciação dos resultados conforme a região do país. Em latitudes maiores, é válida a correlação direta entre tempo seco e pressão alta. No entanto, em regiões próximas ao equador, esta correlação desaparece, não havendo, na maior parte dos casos, diferença estatística entre a pressão atmosférica média em dias secos e chuvosos.

Relações estatísticas entre precipitação e ETP

Como mencionado, foram geradas curvas de regressão lineares e potenciais entre a ETP e precipitação médias em cada estação e para cada mês do ano. Inicialmente, para o mês de janeiro, conforme previsto, a variabilidade da precipitação em geral é muito maior do que a da evapotranspiração. No caso mostrado, enquanto a precipitação variou entre 29 e 577 mm/mês, a ETP variou entre 85 e 145 mm/mês. O coeficiente angular negativo, obtido na regressão mostrada, também foi obtido em todas as regressões, reforçando a relação inversa existente entre precipitação e ETP.

A maior variabilidade da precipitação só não é válida nos meses de seca das regiões tropicais, como julho e agosto, em que a variabilidade da precipitação é baixa. Não por acaso, nestes meses ocorreram com mais frequência ajustes com coeficiente angular positivo, ao contrário do esperado. Em situações como essa, em que a precipitação média em geral é nula e a variabilidade da precipitação é baixa, as relações são pouco úteis, sendo mais prática a adoção da ETP média do mês.

CONCLUSÕES

Análise estatística

A análise estatística das variáveis climáticas monitoradas e recentemente disponibilizadas pelo INMET reforçou a compreensão dos mecanismos que explicam a relação inversa entre precipitação e ETP. A principal variável explicativa da ETP, que é a radiação incidente é claramente maior em dias secos do que em dias chuvosos. A umidade do ar, que também influencia muito a magnitude da ETP, é maior em tempo chuvoso do que em tempo seco. Estes dois resultados são bastante intuitivos e a análise apenas reforça este fato.

A temperatura média do ar (média aritmética das temperaturas máxima e mínima do dia), é geralmente maior em tempo seco do que em tempo chuvoso, principalmente devido ao aumento da temperatura máxima em condições de tempo seco. Isto ocorre a despeito de a temperatura mínima em algumas regiões ser superior em tempo chuvoso, devido à maior retenção

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