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Neurose Obsessiva

Por:   •  25/1/2018  •  1.519 Palavras (7 Páginas)  •  323 Visualizações

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Segundo Lacan, o obsessivo em análise apreende sempre que suas fantasias e práticas estão alienadas no desejo do Outro. O obsessivo tem a necessidade, então, de encobrir o desejo do Outro, e daí surge uma manobra muito observada na clínica: evitação do encontro ameaçador com o desejo do Outro, pois é a ameaça sem salvação do sujeito obsessivo. Lacan afirma que o retorno do desejo no Outro volta como angústia. O obsessivo tenta continuamente encobrir e negar o desejo do outro, entendendo esse desejo como uma demanda direcionada a ele - demanda a qual ele responde de forma obstinada e dessa forma não chega a saber do desejo do outro, e consequentemente nem do seu próprio desejo.

Ao traduzir o desejo do Outro como demanda, o sujeito obsessivo tenta responder a essa demanda a todo custo. Entretanto, essa resposta nunca será suficiente e não bastará para tamponar completamente o desejo do Outro. "O significante não consegue absorver a angústia", explica Lacan. Dessa forma, quando o desejo transborda, a angústia surge novamente, mas a angústia produz o objeto, ou melhor, o objetocausa, aqui segundo a modalidade anal, que dessa maneira vem tomar lugar na dialética do desejo própria ao obsessivo.

Em razão dessa estrutura de sobreposição da demanda sobre o desejo do outro, Lacan pode afirmar que, se uma análise é levada até corroer a relação mais profunda com o objeto anal – admitindo-se que uma análise possa efetivamente atingir esse ponto extremo – pode vir a ser liberada uma angústia irredutível, diretamente não dominável.

4-A grande figura da castração para o obsessivo é a morte, de modo que ele busca através de rituais, pensamentos, protelações, um manejo do tempo, uma ocupação do tempo de modo a adiá-lo.são tentativas reiteradas de fugir do desejo e de não se responsabilizar por ele. Ao tentar ludibriar a morte o sujeito se faz de morto, o que faz com que a grande questão para o neurótico obsessivo seja “Estou vivo ou estou morto?”.

Obsessivo crê no pai e por isso combate o desejo (edipiano) e se identifica com ele por querer ocupar seu posto (culpa). O posto do pai só poderá ser ocupado, dentro da lógica do neurótico obsessivo, após sua morte, o que torna o obsessivo num espectador que aguarda ansiosamente a morte do pai. O neurótico obsessivo trabalha para que o Outro goze preso na ilusão de que portanto o Outro não pode perdê-lo.

O neurótico obsessivo possui seu próprio dialeto, de uma linguagem entrecortada que pretende não apresentar fendas em seu raciocínio. Apresenta comportamentos supersticiosos e associam acontecimentos banais com eventos importantes. O ritual ganha grande importância em seus atos, como se o não cumprimento pudesse ter consequências catastróficas para si ou terceiros.

O neurótico obsessivo possui um Eu forte, ameaçado e agressivo que é capturado pela imagem especular. O neurótico obsessivo se encontra alienado no Eu e procura resistir ao confronto com o inconsciente, em maior escala, com o desconhecido

Uma das maiores resistências no tratamento clínico do neurótico obsessivo reside na ofensa narcísica do desejo inconsciente, incestuoso e amoral, que confronta os valores extremamente rígidos do neurótico obsessivo.

É o vacilar, a incoerência do analista que quebra a lógica do obsessivo e permite que ele, irritado por essa incoerência, associe livremente. O manejo do tempo da sessão é outra ferramenta importante de análise no caso do neurótico obsessivo que irá constantemente se opor ao corte da sessão, pois não importa o tempo cedido à ele, para o obsessivo nunca “dá tempo” o suficiente, é um registro dentro do “tarde demais”.

Freud, S. (1909)- Notas sobre um caso de neurose obsessiva – In: Edição Standard Brasileira das Obras Completas, vol X. Rio de Janeiro: Imago.

Freud, S. (1913)-Sobre o início do tratamento. Novas recomendações sobre a técnica da Psicanálise I. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. XII. Rio de Janeiro: Imago.

Freud, S. Inibições, Sintomas e Ansiedade. In: Edição Standard das Obras Psicológicas Completas. Vol. XX. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1983, p. 107-198.

Lacan, J. O Seminário – Livro 10 – A Angústia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2005.

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