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12 Anos de Escravidão

Por:   •  31/3/2018  •  1.916 Palavras (8 Páginas)  •  407 Visualizações

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O conflito entre livro e filme

A biografia de Salomon Northon, serviu de inspiração para o trabalho não foi escrita por ele, que era uma pessoa alfabetizada, e sim por David Wilson, um advogado branco que mora em Nova York e por dar margens a muitas opiniões negativas em torno da autenticidade da história, o fato de um branco ter escrito a biografia de um negro não é uma reiteração irrelevante de se fazer mesmo nos dias atuais. A biografia original (capa original abaixo), foi publicada pela Derby & Miller em 1852, o livro original se chama Twelve Years a Slave: Narrative Of Solomon Northup, e aborda “um cidadão de Nova York sequestrado em Washington D.C em 1841, e salvo em 1853, de uma plantação de algodão nas imediações de Red River, estado de Louisiana.

[pic 2]

Segundo o redator Michael Cieply, do The New York Times, durante décadas, alguns estudiosos vêm tentando desvendar a verdade literal do relato de Northup das convenções do gênero literário escravagista. Um historiador chamado James Olney afirma que as pressões populares criaram uma certa uniformidade no conteúdo das narrativas de escravos, com temas comuns e recorrentes que envolvem principalmente três tópicos: o questionamento da identidade pessoal, as descrições angustiantes de opressão e a defesa aberta pela causa abolicionista e o fato de os abolicionistas convidaram um escravo para contar sua história de experiência na escravidão em prol da convenção antiescravagista, esses abolicionistas tinham claras expectativas compreendidas por si mesmas foi por essa causa que surgiu um artigo escrito para o site The Atlantic, onde o crítico de cinema Isaac Butler também argumentou sobre essa questão de adequação literal do filme dizendo que a prática de julgar a ficção por quão bem pode estar em conformidade com a realidade.

Nós estamos falando sobre a redução da verdade em função da precisão. O que importa mesmo, em última instância, é uma obra de narrativa em que o mundo e os personagens criados sejam verdadeiros e completos o suficiente para atender aos propósitos do trabalho. E pode-se dizer que o principal propósito de 12 Anos de Escravidão foi bem cumprido: ambientar e atualizar o público sobre as consequências sociais, culturais e principalmente emocionais da escravidão como sendo uma barbárie da civilização. Obras de ficção necessitam de quanto mais precisão puderem transmitir para que a história soe mais verdadeira, só que no caso de 12 Anos de Escravidão, trata-se de um fato verídico. Isaac Butler, diz que a diferença entre livro e filme não é que um seja verdadeiro e o outro falso, e sim táticas aplicadas para representar a verdade foram diferentes, o filme ressoa condescendente, e pode ser entendido como um livro que retrata algo real.

O legado da escravidão

O filme foi elogiado pela crítica especializada pelo fato de retratar com lucidez a escravidão sulista nos EUA, na época um país profundamente segregado e preconceituoso. O legado da escravidão representa uma lembrança perpétua, principalmente para os negros. Mais de 150 anos depois, medo, vergonha e desconfiança ainda persistem e, apesar da necessidade de seguir em frente, o passado sombrio sempre retorna para assombrar. Ao assistir ao filme, cria-se uma simpatia para com Solomon Northup em perspectiva, representante oficial de uma nação escrachada e pormenorizada e é percebível entender que ele passa por uma provação extraordinária, uma experiência brutal e dolorosa, mas que depois encontra sua redenção ao conhecer alguém que leva ao conhecimento dos superiores que ele Salomon é um homem livre.

Foi percebido com o filme que, para os escravos, a sobrevivência não tem tanto a ver com a consciência da mortalidade, visto que eram tratados como animais, não seres humanos. No caso de um escravo, sobreviver é mais sobre abaixar a cabeça e ocultar a real identidade a fim de evitar considerações impróprias, é sobre negar a própria existência para evitar a morte. Perder a esperança todos os dias, na ânsia de reconquistá-la. Assim, o filme inflama nosso senso de justiça e, no fundo, provoca aquela sede de vingança. Indiferentemente da etnia ou classe social, é esperada uma identificação com o propósito do filme, uma vez que sua força motriz é o desejo de liberdade, então, o espectador é inspirado à empatia, compaixão e solidariedade, emoções que apenas escondem a verdadeira revolta que envolve a melódica história de Solomon Northup. Escravidão é (e sempre será) um tema controverso, já que o público em geral costuma repudiar o fato de pessoas terem sua liberdade privada e a vida negada. Uma cicatriz psicológica tão grande como a escravidão dificulta a formação de comunidades coesas que favoreçam em torno do tema, mesmo porque é mais fácil se relacionar ignorando tais atrocidades acontecidas outrora. Dessa forma, a integração entre brancos e negros ainda é um tabu social absolutamente inaceitável, os brancos, são rechaçados quando mostram não se importar com a injustiça relacionada à cor da pele a qual menos os aflige, e os negros, eles são ainda vitimados por isso.

O tabu social da escravidão precisa ser quebrado, no entanto, pensar ou agir otimista nesse sentido está longe de ser uma iniciativa potencial, visto que a igualdade é tão utópica quanto o preconceito é real. A escravidão é um assunto que sempre será discutido, independentemente da ordem social, já que a relevância da pauta é justamente questionar as divergências em detrimento dos próprios interesses. Daí, muitas pessoas negam ou evitam falar sobre a escravidão, seja por não se importarem, ou então por afetarem-nas negativamente.

Um homem negro, responsável, digno e trabalhador que é explorado para servir caprichos capitalistas de indivíduos unicamente preocupados com a acumulação e posse de capital, um homem livre que é manipulado

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