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A Comunicação Nazista

Por:   •  14/3/2018  •  3.516 Palavras (15 Páginas)  •  461 Visualizações

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Essa pesquisa se propõe, então, a analisar e entender o movimento nazista de um viés menos pessimista e trágico, para além de seus efeitos e causas primeiras, utilizando a comunicação cinematográfica como caminho para isso. E assim se dá a sua importância, na busca de extrair do Nazismo – em meio a todo o cenário de dor e crueldade – o que de melhor restou de sua criação: o desenvolvimento e a utilização de ferramentas, discursos e elementos comunicativos tão bem arquitetados, capazes de transformar a busca de um único homem por poder e redenção na crença e no ideal de uma nação inteira.

6) BASE TEÓRICA

6.1. História do Nazismo

Assim como todo acontecimento histórico de grande importância, a criação do partido Nazista surgiu do desencadeamento de diferentes acontecimentos secundários que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a formação daquilo que viria a ser uma das maiores tragédias vividas pela raça humana. Para a Alemanha de 1920, a derrota sofrida para a França ao final da 1ª Guerra Mundial, em 1918, e o sentimento de humilhação por de ter de assinar o Tratado de Versalhes, em 1919 foram alguns dos principais motivos que levaram um dos soldados regressos da 1ª Guerra a liderar o surgimento do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP) por nós conhecido como partido nazista. (DIHEL, 1996).

Esse soldado era Adolf Hitler e, três anos após a criação do partido nazista, sua tentativa de Golpe de Estado fracassou e resultou em um mandato de prisão de 5 anos. Hitler permaneceu detido por apenas 8 meses, porém esse foi o tempo que precisou para escrever o que conhecemos hoje como o principal livro de disseminação Nazista, o livro Mein Kampf (Minha Luta), uma espécie de manual prático do que viria a ser o partido Nazista, definindo os ideais defendidos pela doutrina de Hitler e justificando seu ódio por Judeus, Comunistas e qualquer outra raça por ele considerada impura. Segundo Szklarz (2005) o nazismo poderia ser analisado do ponto de vista estético, ao passo em que “pregava que uma nova Alemanha surgiria, mais forte e mais bonita, num sonho ao qual só os artistas podiam dar forma” (Szklarz apud Cohen, 2005, p. 43) e foi no uso exaustivo da comunicação e da propaganda que Hitler encontrou meios de disseminar essa nova Alemanha imaginada.

Em 1930, enquanto o contexto do povo alemão era de revolta, temor, pobreza e desemprego devido à Crise da Bolsa de Nova York e fim do auxílio financeiro americano, Hitler assumia a liderança suprema do NSDAP e se valia da crise instaurada no país para defender a ideologia nazista e promover o partido como alternativa à situação. Naquele mesmo ano, o NSDAP já despontava como segundo maior partido alemão e o livro Mein Kampf apresentava mais de 300 mil exemplares vendidos, sendo um dos principais meios de propagação dos ideais e valores defendidos pelo partido (DIEHL, 2005).

Em 1933, após assumir a liderança suprema do NSDAP e ser nomeado como Chanceler pelo Presidente Hindenburg, Hitler provoca a censura da imprensa de esquerda, leva o partido nazista à vitória nas eleições daquele ano e instaura no país um regime monárquico e totalitário que perduraria até 1945, apresentando-se como uma combinação de várias ideologias e filosofias centradas principalmente no nacionalismo, no anticomunismo e no tradicionalismo, além do racismo, homofobia e nacionalismo étnico.

Durante esses 12 anos em que esteve em vigor, o regime nazista provocou o massacre de cerca de 5 milhões de pessoas, manteve sob seu domínio quase 20.000 campos de concentração espalhados pela Europa e foi o principal responsável pela eclosão da 2ª Guerra Mundial, com a invasão da Alemanha à Polônia, em 1939 (UNITED STATES HOLOCAUST MEMORIAL MUSEUM, 2015). Apesar disso e de tantas outas atrocidades provocadas pelo partido nazista, Hitler conseguiu mobilizar a população alemã em torno de um mesmo ideal de purificação e superioridade da raça ariana, utilizando para isso estratégias de comunicação e propaganda política aplicados, entre outros meios, na produção de documentários. Segundo Lenharo (1983):

Calcula-se que foram produzidos 1.350 longas-metragens nos doze anos de domínio nazista. São comédias românticas, comédias musicais, operetas, filmes de costumes, do regime, tais como o racismo e xenofobia. Os temas mais apreciados no cinema, segundo uma pesquisa entre jovens de doze a dezessete anos, estavam relacionados a heroísmo, espírito alemão e patriotismo. Quarenta mil escolas, de um total de 62 mil, na Alemanha nazista, dispunham de salas de projeção. (NAZÁRIO, apud LENHARO 1983, p. 49).

A noção de Hitler sobre a necessidade e o papel fundamental da comunicação como forma de domínio da população alemã foi, portanto, essencial para a construção da hegemonia nazista e alcance dos objetivos traçados por ele em seu Mein Kampf. Além disso, seu entendimento sobre o poder da propaganda voltada as massas foi o que garantiu o sucesso dessas estratégias de comunicação, bem como aponta Domenach (1955) sobre o posicionamento de Hitler, ao dizer que “o povo, em grande maioria, está em uma disposição e em um estado de espírito a tal ponto feminino, que suas opiniões e seus atos são determinados muito mais pela impressão produzida nos sentidos que pela reflexão pura” (DOMENACH, 1955. P. 41). Por isso a importância de compreender a história do nazismo através de seus processos de comunicação para, então, analisá-los e entende-los como parte fundamental na construção de seu poder social e político.

6.2 Propaganda política

A propaganda é um dos principais pilares da comunicação e, de forma simplista, é através dela que se busca a venda de um produto ou serviço. No campo da política, entretanto, esse processo comunicacional é constituído de trocas de sentidos por vezes mais complexos e profundos, visando mais que somente essa venda material.

Para Sampaio (1997), a propaganda “pode ser definida como a manipulação planejada da comunicação, visando, pela persuasão, promover comportamentos em benefício do anunciante que a utiliza” (SAMPAIO, 1997. p. 23), ou seja, mais que a venda de algo, aqui a propaganda se propõe a convencer seu público sobre determinada ideia ou conceito por ela defendido. Nessa mesma linha de raciocínio, Santos sugere, ainda, que a propaganda “visa mudar a atitude das pessoas em relação a uma crença, a uma doutrina ou a uma ideologia” (SANTOS, 2005, p. 17), dessa forma, o produto de troca entre emissor e receptor, anunciante e público, localiza-se aqui no campo

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