A construção do saber

...

Além disso, não se trata mais apenas de encontrar uma explicação, ainda que geral, do fenômeno estudado, mas definir o princípio que fundamenta essa explicação geral. No século XVIII, o chamado século das luzes, devido a grande influência dos filósofos iluministas, os princípios da ciência experimental desenvolvem-se por meio de múltiplas aplicações. No entanto, é no século que a ciência triunfa. As ciências saem dos laboratórios para ter aplicações práticas, quando ciência e tecnologia se encontram. A pesquisa fundamental, cujo objetivo é conhecer pelo próprio conhecimento, é acompanhada pela pesquisa aplicada, a qual visa resolver problemas concretos. Os autores, citam várias conquistas neste século, como na agricultura, na forma de produzir e na distribuição dos bens produzidos devido ao desenvolvimento das ferrovias e da navegação. Nas comunicações, a chegada do telégrafo e do telefone aproxima lugares e os homens. Na saúde, os micróbios e bacilos são descobertos, assim como o modo de preveni-los e de como combatê-los. A expectativa de vida aumenta. A população urbaniza-se e as cidades, iluminadas pela eletricidade, além de dotadas de redes de esgoto e modernos sistemas de transporte comum, são abastecidas de bens de todos os tipos mais agradáveis para viver.

O século XIX, graças as ciências, surge como fonte inesgotável de progresso. Então, como enfatizam os autores, porque então não aplicar seus princípios e seu método aos demais domínios da atividade humana, no campo do saber relativo ao homem social, por exemplo?

As Ciências Humanas e o Subjetivismo

O questionamento do homem social até então ficava apenas entre os filósofos, que no século seguinte, suas acepções tiveram uma considerável influência na concepção das sociedades e seus governos.

Assim as ideias de diretos sociais, igualdade e desigualdade, liberdades sociais e econômicas, contrato social entre os dirigentes e os povos, livre arbítrio, foram adotadas por numerosos dirigentes e, sob a influência da classe burguesa, conduziram grandes revoluções, sobretudo na América e na França.

O século XIX desejava, no domínio do saber sobre o homem e a sociedade, conhecimentos tão confiáveis e práticos quanto os desenvolvidos para se conhecer a natureza física. Tal método empregado na natureza parece tão eficaz que não se vê razão pela qual também não se aplicaria ao ser humano. É com esse espírito que as ciências humanas se desenvolvem na segunda metade do século XIX

Desenvolvem-se, segundo uma concepção da construção do saber científico nomeada positivismo, cujas características são: o Empirismo: o conhecimento positivo parte da realidade como os sentidos a percebem e ajusta-se à realidade; a objetividade: a qual deve respeitar integralmente o objeto do qual trata o estudo; a experimentação, cuja a observação de um fenômeno leva o pesquisador a supor tal ou tal causa ou consequência é a hipótese; validade: a experimentação é rigorosamente controlada para afastar os elementos que poderiam perturbá-la, e seus resultados, graças às ciências matemáticas, são mensurados com precisão. O conhecimento positivista é determinístico. O conhecimento de leis permitiria prever os comportamentos sociais e geri-los cientificamente.