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A Distribuição Física da Cachaça

Por:   •  25/12/2017  •  7.746 Palavras (31 Páginas)  •  235 Visualizações

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O programa é baseado em princípios de gestão comumente difundidos, e aplicados rigorosamente para a promoção de um novo padrão de agricultura. Um dos princípios é o da segmentação de mercados, consistindo fundamentalmente na observância da exigência principal de importadores estrangeiros em relação à certificação (de qualidade e de origem), para que se tenha acesso ao mercado de Commodities, como o do café e laranja. Cabe aos governos, neste caso, transformar o que seria uma barreira não-tarifária em um fator de competitividade.

A conquista da qualidade também requer uma compreensão aprofundada das cadeias de produção, de forma a identificar gargalos e empreender ações capazes de evitá-los e superá-los. O entendimento dos fatores determinantes sobre as cadeias de produção permite redefinir o papel dos agentes em cada uma delas.

Segundo Albernaz, o grande problema dos produtores artesanais é a distribuição, que considera como sendo o gargalo do setor. "As grandes empresas monopolizam a distribuição e só agora os pequenos produtores começam a se organizar em associações estaduais e cooperativas para vencer o problema", comenta.

O passo inicial em direção ao desenvolvimento do setor de cachaça do Estado foi dado pelo Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais - INDI – que, a partir de 1982 passou a se preocupar com a valorização do setor de produção de cachaça, e elaborou o primeiro diagnóstico do setor alambiqueiro mineiro.

Ao longo de toda a década de 80, uma agenda de trabalho foi sendo editada, resultando em um diagnóstico setorial, que mostrou a produção artesanal da bebida como sendo uma atividade rica, historicamente importante e que exercia um papel de destaque na estruturação da economia agrícola estadual. Este trabalho levou à criação da Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade - AMPAQ, em 1989.

A AMPAQ foi criada com o objetivo de promover o desenvolvimento da produção de cachaça de qualidade no Estado. A Associação apostou na criação de um selo de qualidade, somente conferido às bebidas que correspondessem aos padrões pré-estabelecidos como forma de diferenciarem as marcas de melhor qualidade, abrindo assim, a possibilidade de auferirem negócios mais rentáveis.

No início da década de 1990, a Secretaria do Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - SEAPA/MG - criou o Programa de Qualidade e Produtividade na Agricultura com o intuito de, por meio de determinadas normas, valorizar a marca “Minas”. A iniciativa da SEAPA/MG foi uma forma de oferecer subsídios aos agricultores mineiros para concorrerem no mercado cada vez mais globalizado. As certificações de origem e de qualidade são alguns exemplos de exigências imposta pelo mercado internacional e que o órgão estadual visava oferecer aos produtores. Com isso, o objetivo final do programa era transformar as barreiras não-tarifárias, impostas principalmente por países europeus e pelos EUA, em um fator de competitividade para os produtos mineiros.

Em 1992, surge também o PROCACHAÇA, a partir da reestruturação da agricultura mineira, com foco no controle e garantia da qualidade e da produtividade ao longo de toda a cadeia produtiva. Esse programa foi criado com o objetivo de promover a valorização da bebida, preservar-lhe o valor cultural, moldar e gerenciar políticas de fomento à atividade, mobilizando entidades e estimulando projetos de pesquisa, assistência técnica, comercialização e exportação do produto.

Outro importante projeto visando o crescimento da atividade da cachaça no Estado foi desenvolvido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (SEBRAE/MG) em parceria com diversos órgãos públicos e privados, como a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), Organização das Cooperativas do Estado de Minas Gerais (OCEMG) e AMPAQ.

Os trabalhos foram divididos em duas etapas: primeiramente foi realizado um diagnóstico completo do setor, o qual resultou num plano de reestruturação da cadeia de cachaça de alambique do estado, onde foram apresentadas propostas para solucionar os gargalos do processo produtivo e utilizar o fator qualidade para divulgar a bebida no mercado internacional. A impossibilidade dos produtores de cachaça se organizarem em cooperativa, foi considerado pelo plano um dos entraves mais urgentes a serem solucionados.

O pioneirismo das ações desenvolvimentistas no setor de cachaça de Minas Gerais refletiu em âmbito nacional, na criação de entidades espelhadas na AMPAQ em diversos estados brasileiros, da Federação Nacional das Associações Produtoras de cachaça de Alambique - FENACA - e principalmente, do Programa Brasileiro de Desenvolvimento da Cachaça – PBDAC. Este órgão, claramente inspirado no PROCACHAÇA, tinha como objetivo a priorização da bebida como uma espécie de grife brasileira através de uma reestruturação das estratégias promocionais do setor.

As transformações ocorridas ao longo das últimas décadas no ambiente do agronegócio da cachaça vêm a demonstrar a crescente importância da atividade como fonte geradora de renda e emprego para o estado de Minas Gerais. A mudança de visão daqueles que coordenam o setor vem se estabelecendo como fundamental para garantir que as potencialidades diagnosticadas em relação ao mercado consumidor de bebida – tanto interno quanto externo – possam ser efetivamente aproveitadas e até mesmo ampliadas.

- A Estrutura de Mercado do Agronegócio da Cachaça de Minas Gerais

O segmento alambiqueiro mineiro caracteriza-se por uma estrutura de mercado com características de concorrência monopolística, o qual representa uma situação que mescla um grande número de vendedores - típico da concorrência perfeita - com a diferenciação do produto - típica do monopólio.

Cada produtor age como se fosse monopolista do seu produto, já que este é diferenciado de alguma forma dos demais. A diferenciação do produto se dá por meio de características como qualidade, marca (griffe), padrão de acabamento, existência ou não de assistência técnica, etc. Neste caso, embora o poder do vendedor em fixar preços seja menor do que no monopólio ou no oligopólio em função do grande número de concorrentes, o fato de o seu produto ser diferenciado dos demais, lhe confere certa autonomia para determinar seu preço.

As cachaças mineiras, apesar de serem vendidas a um preço mais elevado, possuem uma clientela fiel e disposta a pagar um pouco mais para adquirirem o produto.

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