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Obstaculo epistemológico

Por:   •  19/4/2018  •  1.637 Palavras (7 Páginas)  •  287 Visualizações

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Em sua obra a Formação do Espírito Científico, ele apresenta a epistemologia da ciência com o objetivo de alcançar a produção de conhecimento científico. Bachelard estabelece a epistemologia como estudo da natureza do conhecimento científico e das circunstâncias de sua produção (Costa, 2009, p 23).

Pode se caracterizar primeiramente a epistemologia da ciência de Bachelard como histórica, pois utiliza-se de materiais históricos para estruturar sua tese sobre a epistemologia.

Sua epistemologia procura erros semelhantes no passado buscando aplicar sua solução no presente obtendo assim o progresso científico. Para Bachelard se erros cometidos no passado não tivesse sido omitido obteríamos maior produção de conhecimento científico.

Segundo Costa, Bachelard denomina a história como recorrente, uma vez que "... se esclarece pela finalidade do presente, uma história que parte das certezas do presente e descobre, no passado, as formações progressivas da verdade (Bachelard 2001, p.207 apud COSTA, 2009, p.24)".

Bachelard ainda se opõem a epistemologia contemplativa, não acredita que a simples observação o levará ao conhecimento. A ciência não evolui na simples aceitação e sim no questionamento.

A grande evolução que veio com o Espírito Científico foi a ruptura do senso comum possibilitando assim a produção do pensamento cientifico. Sendo que o pensamento científico é apenas o começo, uma incerteza generalizada, uma dúvida em despertar (Japiassú apud Costa, 2009, p.25).

Muitos pensadores da época acreditavam que o erro era uma heresia, algo que deveria ser evitado, mas Bachelard veio para revolucionar essa ideia, para ele o erro era necessário para a evolução da ciência, pois com a correção desses erros seria possível à produção do conhecimento científico. Para Bachelard a ruptura do conhecimento do senso comum é de extrema necessidade para que possa haver avanços, conhecimento científico:

O conhecimento do real é luz que sempre projeta algumas sombras. Nunca é imediato e pleno. As revelações do real são recorrentes. O real nunca é o que se poderia achar, mas é sempre o que se deveria ter pensado. O pensamento empírico torna-se claro depois, quando o conjunto de argumentos fica estabelecido. Ao retomar um passado cheio de erros, encontra-se a verdade num autêntico arrependimento intelectual. No fundo, o ato de conhecer dá-se contra um conhecimento anterior, destruindo conhecimentos mal estabelecidos, superando o que, no próprio espírito, é obstáculo à espiritualização. (Bachelard, 1996, p.17 apud COSTA, 2009, p.26)

Isto posto, o pensador afirma que a primeira ruptura a ser feita é com o senso comum, pois ela traz a opinião e essa pode ser volátil. Como elucida Bachelard:

A opinião pensa mal; não pensa: traduz necessidades em conhecimentos. Ao designar os objetos pela utilidade, ela se impede de conhecê-los. Não se pode basear nada na opinião: antes de tudo, é preciso destruí-la (...). Não basta, por exemplo, corrigi-la em determinados pontos, mantendo, como uma espécie de moral provisória, um conhecimento vulgar provisório. O espírito científico proíbe que tenhamos uma opinião sobre questões que não compreendemos, sobre questões que não sabemos formular com clareza. (Bachelard, 1996, p.18 apud COSTA, 2009, p.26)

De acordo com Bachelard o professor deve mediar à transição do conhecimento ao aluno auxiliando-o na superação dos obstáculos que se formaram em sua vida acadêmica. Essa transição ocorre através da “psicanálise dos erros iniciais” (Costa, 2009, p.27), que Bachelard descreveu como:

(...) catarse intelectual e afetiva, que implica colocar a cultura científica em estado de mobilização permanente, substituir o saber fechado e estático por um conhecimento aberto e dinâmico, dialetizar todas as variáveis experimentais, oferecer enfim, à razão, razões para evoluir. (Bachelard, 1996, p.24 apud COSTA, 2009, p.27)

O papel do erro no processo de ensino-aprendizagem

Sempre que algo novo é apresentado, precisamos analisar essa nova ideia, porém nossa analise poucas vezes esta correta. Assim, sem uma análise adequada (muitas vezes sendo necessária a ajuda do mediador) não é possível adquirir esse novo conhecimento ocasionando o erro.

A maioria dos professores vê o erro como algo prejudicial e que deve ser evitado. Segundo SOUZA (1997)

"...dificuldades de aprendizagem ou erros cometidos pelos alunos são informações que, usualmente, resultam em apreciações negativas por parte do professor, interpretados não como evidências do estágio do desenvolvimento do aluno, mas com algo a ser evitado." (SOUZA, 1997 apud LUIZ, 2007)

Para a Matemática escolar o erro tem um papel muito importante, que não se resume a incapacidade do aluno reter conhecimento, mas pode estar relacionada às questões didático-pedagógicos. Segundo SFARD

“ Os erros, antes de se reduzirem a uma simples manifestação de desconhecimento ou de fracasso, podem ser entendidos como um indicador didático-pedagógico, referindo-se simultaneamente ao aluno e ao saber a ensinar, o estudo dos erros é peça fundamental no trabalho de planejamento das atividades de ensino escolar.” (SFARD,1991 apud LUIZ, 2007)

O erro tem sua importância tanto para a Matemática Escolar como para Matemática Acadêmica, porém de formas diferentes, como diz SFARD

“ Na Matemática Escolar, o erro desempenha um papel positivo e importante: fornece elementos para o planejamento e a execução das atividades pedagógicas em sala de aula. Para a Matemática Científica, por outro lado, a função do erro, embora também muito importante, é essencialmente negativa: indica a inadequação ou a falsidade de resultados, formas de argumentação etc.” (SFARD apud LUIZ, 2007)

REFERÊNCIAS

BRAND, C. F. . Desenvolvimento Histórico Do Sistema De Numeração Decimal e Do Processo De Aprendizagem A Partir Das Recentes Concepções Matemático-Didáticas: Erro E Obstáculo Epistemológico. 2002. 80f. Tese (Doutorado

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