Estilística
Por: Rodrigo.Claudino • 17/4/2018 • 1.284 Palavras (6 Páginas) • 320 Visualizações
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Por fim, as consoantes nasais [m], [n] e [nh], chamadas de consoantes moles e doces, harmonizam-se com palavras e enunciados em que prevalece a ideia de suavidade, doçura e delicadeza.
A vogal [a], sendo o fonema mais sonoro, mais livre, de todo o sistema fonológico, o [a] traduz sons fortes, nítidos e também reforça a impressão auditiva das consoantes que acompanha. Esse valor pode ser sentido em interjeições, onomatopeias e palavras que sugerem risadas, vozes altas, animadas, tagarelice, batidas bem audíveis. Além disso, a sonoridade desta vogal presta-se à transferência para ideias de claridade, brancura, amplidão, alegria e dentre outras.
Outras vogais constituem em séries anteriores ([é], [ê] e [i]) e posteriores ([ó], [ô] e [u]), sendo que [i] e [u], neste caso as mais altas, como maior estreitamento bucal oferecem possibilidades expressivas mais acentuadas. As vogais da série anterior são próprias para exprimir sons agudos, estridentes, ajustando-se seu valor ao significado de palavras, como grito, trito, apito, pio e dentre outras. Certos seres, objetos, que produzem sons dessa natureza apresentam denominação adequada graças a vogal [i]. O estreitamento bucal na produção do [i] acaba se coadunando com a expressão de pequenez, estreiteza e agudez. Alguns dos valores expressos pelo diminutivo (-inho, -im, ito, -ilho) se relacionam com a vogal tônica do sufixo.
Sobre [é] e [ê], podemos afirmar que a vogal [é] possui um efeito excelente na indicação da estridência. Já a vogal [ê], além de ser intermédia entre o [é] e [i], é mais neutra, discreta, e não oferece expressividade marcante.
As vogais da série posterior têm possibilidades de imitar sons graves, profundos, cheios, ruídos surdos, e sugere ideias de tristeza, medo, morte, fechamento, redondeza, escuridão.
Vogais Nasais
A ressonância nasal torna as vogais aptas a exprimir sons velados, prolongados (como zumbido, gongo, trim-trim...) e a sugerir distância, lentidão, moleza, e também melancolia.
Expressividade das consoantes
As consoantes oclusivas, pelo seu traço explosivo, momentâneo, se prestam a reproduzir ruídos duros, secos, de batidas, pancadas, passos pesados. As consoantes surdas [p], [t] e [k] dão uma ima impressão mais forte, violenta, do que as sonoras [b], [d] e [gu]. Muitas palavras iniciadas por uma consoante oclusiva bilabial são empregadas como interjeições, exprimindo explosão de surpresa, espanto, raiva ou até mesmo indignação. Já em adjetivos de cunho depreciativo, a consoante oclusiva pode ter explosão mais acentuada por conta do estado emocional do falante. Mesmo as oclusivas sugerirem ruídos ou objetos que o produzem (estalo, pancada, grito, trote; chicote, taca, porrete...), as oclusivas surdas, convém a evocação de seres, atos, coisas, qualidades e sentimentos ligados às ideias de força e intensidade. Exemplos dos quesitos mencionados anteriormente são déspota, tirano, ditador, bruto, possante, tempestade, trovão e dentre outras palavras.
As consoantes construtivas sugerem sons de certa duração, bem como as coisas e fenômenos que os produzem. As consoantes [f] e [v] imitam sopros (som estreitado), podendo ter valor expresso em palavras como voz, vento, fala e dentre outras. Os sons sibilantes podem ser imitados pelas labiodentais, mas o são sobretudo as consoantes alveolares [s] e [z], como em sibilo, assovio, suspiro, zumbir e outras palavras. As consoantes fricativas palatais recebem a denominação de chiantes pela sugestão de chiado, como é o caso das palavras charme, lixa, enxame, esguicho etc. O atrito sugerido pelos sons palatais pode dar a ideia de irritação, desagrado, desgosto. As consoantes construtivas laterais [l], [lh] e as vibrantes [R] e [r] podem exprimir o deslize, o fluir, o rolar. A consoante vibrante dupla [R], estando só ou em grupo com uma consoante oclusiva, se ajusta a uma noção de vibração, atrito, rompimento e abalo.
Enfim, as consoantes nasais [m], [n] e [nh], chamadas de consoantes moles e doces, harmonizam-se com palavras e enunciados em que prevalece a ideia de suavidade, doçura e delicadeza.
Referência: MARTINS, Nilce Sant’Anna. Introdução à estilística: a expressividade
na língua portuguesa. 2ª edição. São Paulo: Editora T.A. Queiroz: 1997
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