Toxina Botulínica
Por: SonSolimar • 7/4/2018 • 2.314 Palavras (10 Páginas) • 325 Visualizações
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A Toxina Botulínica é absorvida através do trato digestivo, atingindo a corrente sanguínea e sendo transportada para os terminais neuromusculares. No caso de ocorrer absorção cutânea a toxina é transportada pelo sistema linfático até os terminais neuromusculares.
2.2 Mecanismo de Ação
O mecanismo de ação da Toxina Botulínica é bastante complexo e será descrito de forma sintetizada. Tal toxina exerce grande influência sobre as células nervosas com crítico efeito sobre elas, age seletivamente no terminal nervoso periférico colinérgico, inibindo a liberação de acetilcolina (neurotransmissor responsável pela contração), porém não ultrapassa a barreira cerebral e não inibe a liberação de acetilcolina ou de qualquer outro neurotransmissor a esse nível.
Ao entrar na corrente sanguínea, a toxina atinge os terminais nervosos estabelecendo uma ligação com a membrana neuronal desses terminais, ao nível da junção neuromuscular, essa ligação ativa o deslocamento da toxina para o citoplasma do terminal do axônio através de endocitose, ocasionando o bloqueio da transmissão sináptica excitatória, que leva à paralisia flácida. É essencial que a toxina penetre o terminal do axônio, de forma a exercer o seu efeito, sendo que a ligação desta é seletiva.
2.3 Indicações
As aplicações da Toxina Botulínica são diversas abrangendo tanto a Medicina
Estética como a Medicina Terapêutica e apresenta uma divergência importante nas técnicas e nas doses a aplicar. As indicações de tratamento não-estético dividem-se em três grandes grupos baseados nos órgãos alvo de ação, porém vale destacar seu uso nos tratamentos de Hiperidrose, Estrabismo, Blefaroespasmo, Espasmo Hemifacial e Distonia Cervical ou Torcicolo Espasmódico, as indicações estéticas serão descritas posteriormente.
- Músculo-esquelético (Terapêutica)
Oftalmologia: Nistagmo adquirido; Oscilopsia; Fasciculação Ocular.
Otorrinolaringologia: Distonias focais: lingual, oromandibular, labial, laríngea e orofaríngea; Gagueira e tremor essencial da voz; Bruxismo e distúrbios temporomandibulares.
Neurologia: Discinesia tardia e mioclonia; Tremores; Cefaleia tensional; Espasticidade da esclerose múltipla; Paralisia progressiva supranuclear; Rigidez extrapiramidal e Doença de Parkinson; Hipercinesia extrapiramidal: tiques; síndrome de Tourette.
Proctologia: Fissura anal; Hemorroidas; Distúrbios do esfíncter externo; Anismo; Obstipação.
Ginecologia: Vaginismo e Vulvodínea; Mamilo irritável.
Cirurgia: Diagnóstico e estabilização pré-cirúrgica; Controle da dor por espasmos no pós-operatório.
Fisiatria: Espasmo lombar; Sequela de Paralisia facial.
Ortopedia: Lesões de Desporto; Imobilizações em pacientes com automatismos.
- Terapêutica Sensorial
Dor: Migrânia (Enxaqueca); Neuralgia do trigêmeo.
- Músculo liso e glândulas (Sistema Nervoso Autônomo)
Gastroenterologia: Obesidade; Acalásia; Sincinesias gástricas; Obstrução alta do piloro.
Dermatologia: Hiperidroses craniofacial; Síndrome de Frey; Hiperidrose inguinal, génito-retal e nádegas.
Fisiatria: Sialorréia; Hiperidrose de coto de amputação.
Urologia: Bexiga neurogênica; Prostatite e hipertrofia benigna da próstata.
2.4 Contra Indicações
Absolutas: Alergia conhecida ao medicamento ou a seus componentes; Infecção no sítio do bloqueio; Gravidez e aleitamento; Expectativa irreal do paciente; Instabilidade emocional.
Relativas: Doença neuromuscular associada; Pessoas que necessitam da expressão facial; Coagulopatia associada e/ou descompensada doença auto-imune em atividade; Falta de colaboração do paciente para o procedimento global; Uso de potencializadores como aminoglicosídeos em até 4 semanas antes do procedimento; Uso de aspirina ou antiinflamatórios não esteróides em até 4 semanas antes do procedimento.
2.5 Complicações
A aplicação da Toxina Botulínica está associada à ocorrência de diversas complicações, na maioria das vezes reversíveis. Essas reações adversas podem ser decorrentes de dois fatores: do próprio produto ou da técnica utilizada na injeção. Importante destacar que as complicações podem variar em função da indicação terapêutica a realizar e de fatores pré-existentes nos pacientes. Como em outras intervenções, os efeitos adversos podem ser reduzidos usando técnicas de aplicação e doses adequadas.
Entre as complicações mais frequentes associadas à aplicação da Toxina Botulínica destacam-se:
- Face:
- Cefaleia: dor de cabeça;
- Supercílio: ptose, elevação excessiva da cauda;
- Pálpebra: ptose superior e/ou inferior, dificuldade de oclusão, maior evidência da flacidez e do excesso de pele, agravamento da herniação de gordura da região inferior, ectrópio;
- Olho seco: produção de pouca lágrima ou deficiência em sua composição;
- Alterações visuais: diplopia (visão dupla), dificuldade de acomodação visual, perda da visão;
- Agravamento das linhas zigomáticas;
- Agravamento das rugas nasais;
- Lábios: desvio de rima (linha que caracteriza o encontro do lábio superior e inferior), ptose do lábio superior, dificuldade de movimentação;
- Boca seca: produção insuficiente de saliva;
- Disfagia;
- Dificuldade de movimentação do pescoço;
- Alterações locais: edema, dor, paresia, equimose, hematoma, hemorragia, eritema, sensação de peso, prurido;
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