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A Criança Como Um Ser

Por:   •  25/6/2018  •  3.606 Palavras (15 Páginas)  •  481 Visualizações

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Caracterizada por estas peculiaridades, a criança é um ser humano completo que possui corpo, mente, sentimento, espiritualidade e, portanto, um valor próprio. A singularidade de cada criança é conhecida por sua herança genética bem como por sua inserção no tempo e no espaço. Desse modo, ainda que tenhamos duas pessoas gêmeas idênticas (dotadas de igual carga genética), elas se diferenciarão devido à interação com o meio ambiente no seu processo de desenvolvimento (SIGAUD e VERÍSSIMO, 1996).

Segundo Jacquin (1957) o que em primeiro lugar impressiona na criança, o que domina toda a sua psicologia desde o nascimento até a maturidade é, não há dúvida, a enorme capacidade de adaptação de seu ser:

- Adaptação física de um corpo em pleno desenvolvimento: o crescimento é apenas a maturação dos órgãos que se tornam sempre mais aptos para a função. O exemplo da longa evolução do sistema nervoso, indeterminado ainda por ocasião do nascimento, até o seu acabamento eficaz na puberdade, é impressionante. A evolução do tubo digestivo que se transforma e se adapta em alguns anos de leite materno à introdução de alimentos, é não menos surpreendente e se faz no mesmo período de tempo;

- Adaptação mental de um espírito, a princípio totalmente isolado num mundo desconhecido, que descobre pouco a pouco o meio ambiente, utilizando sempre melhor o que lhe propõem os sentidos que se apuram, e que recompõem mais tarde esse mesmo ambiente em edifícios intelectuais, orientados em grande parte para a adaptação ao mundo exterior. A lenta evolução dos meios de conhecimento do indivíduo só se destina, de fato, a permitir-lhe que se conduza sem choques e perigos através da vida;

- Adaptação social de uma personalidade que se procura e se afirma por ímpetos, opondo-se mais ou menos violentamente ao meio ambiente e que só conquistará a autoridade do homem à custa dessas lutas, adaptação considerável de um ser que, no início, é inteiramente dependente e passivo e que se torna, no meio de um mundo social que se amplia, pouco a pouco, do berço ao quadro humano adulto, um maquinismo ativo e livre na sociedade, onde deverá viver e produzir.

Há algo maravilhoso e infinitamente respeitável neste impulso vital, nessa propensão para o progresso, nesse enorme poder e perfectibilidade que é a marca preciosa da infância e da juventude: é velho aquele que não se adapta mais. Decorre daí para o adulto, um grande dever de confiança e respeito, por essa personalidade que está se formando para, mais tarde, servir a Deus e a seus irmãos. Respeito por essa força orientada para o bem e para o melhor! Aí do adulto “blasé” que sufoca esse impulso! E é essa a terrível responsabilidade que pesa atualmente sobre o meio ambiente de muitas crianças, no qual não se sabe entreter a chama da generosidade e do ardor (JACQUIN, 1957).

Uma forma desse respeito é levar a criança a sério. Seus esforços, êxitos, fracassos, dificuldades e alegrias, divertimentos e estudos, tudo isso está na medida de suas forças. Não são pequenos nadas, bagatelas insignificantes, pueris e desprezíveis. São esforços meritórios, êxitos fecundos ou penosos fracassos dos quais se levantará mais depressa do que nós, quando o mesmo nos acontece, mas que, entretanto, pesam realmente sobre a nossa, conforme a nossa medida de homem. Evitamos poupá-las dessa experiência cotidiana, com suas felicidades e infelicidades. Esse perpétuo contato com a realidade é que vai forjar-lhes uma personalidade vigorosa. As crianças excessivamente poupadas em relação a essas experiências não saberão conduzir-se como homem na vida áspera que as espera. E evitemos aumentar esse fardo com as nossas preocupações de adultos que não devem recair sobre a criança. Em suma, concedamos a experiência por que passa a criança em contato com o mundo exterior toda a importância que merecem e nada mais. Avaliemos a altura, que é grande, esse aprendizado da vida que a criança conquista pouco a pouco na medida de suas forças, e não a sobrecarreguemos de preocupação e esforços prematuros (JACQUIN, 1957).

Ainda de acordo com Jacquin (1957), a criança é também um ser receptivo, aberto, penetrável: pensemos na soma enorme de conhecimentos que adquire entre o nascimento e a idade adulta, nos múltiplos aprendizados que precisa fazer, às vezes bem complicados, como por exemplo, a linguagem .

Receptividade Sensorial

Essa grande receptividade sensorial explica um dos caracteres mais surpreendentes da criança e dos mais úteis para o conhecimento: A criança é quase que exclusivamente permeável ao concreto, ao que vê, ao que ouve, ao que toca e apalpa. Por isso é que essa curiosidade se traduz pela necessidade de tocar em tudo, “desmontar para ver é feito” e pelos “porquês” incessantes, cuja resposta ela dá entretanto menos importância do que às suas próprias experiências (JACQUIN, 1957).

A afetividade da criança passiva e ativa, ao mesmo tempo profunda é imensa, e sua necessidade, mais ou menos consciente de afeição e se essa necessidade não for, pelo menos moderadamente satisfeita ela se retrairá, murchará, fechar-se-á em si mesma egoisticamente. A criança é aberta não só às impressões sensoriais, como também à simpatia. Precisa de amor como de ar puro (JACQUIN, 1957).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AJURIAGUERRA, J. Manual de psiquiatria infantil. Paris, Masson, 1983.

AJURIAGUERRA, J. & MARCELLI, D. A criança e o mundo médico. In:_____ - “Manual de Psicopatologia Infantil”. Trad: Alceu Eolir Filman. 2ª ed. Porto Alegre, Artes Médicas, 1991.

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ALVAREZ, R. E. C. O significado do cuidado para a criança hospitalizada. 2002. 97 f. Dissertação (Mestrado) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2002.

ANDRADE e SILVA, P.S.L. de e cols. – Internação conjunta

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