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A ANÁLISE EM CRIANÇAS MENORES DE 6 ANOS E SEUS DIFERENTES ASPECTOS

Por:   •  12/3/2019  •  Artigo  •  2.326 Palavras (10 Páginas)  •  495 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL REI – UFSJ

COORDENADORIA DO CURSO DE PSICOLOGIA - COPSI

A ANÁLISE EM CRIANÇAS MENORES DE 6 ANOS E SEUS DIFERENTES ASPECTOS

TIAGO ANTONIO PEÇANHA

RESUMO

Este documento apresenta as possibilidades de análises de crianças menores de 6 anos de idade e suas implicações vistas através de diferentes críticas de duas das maiores autoras do assunto: Anna Freud e Melanie Klein. Enquanto de um lado irá falar sobre como Anna Freud tinha resistência à acreditar na possibilidade de análises de crianças tão pequenas, Melanie Klein irá revolucionar trazendo uma grande técnica no aspecto da análise: o observar o jeito de brincar.

Palavras-chave: análise; psicanálise, Melanie Klein, Anna Freud, crianças.

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Graduando do Curso de Psicologia da Universidade Federal de São João Del Rei-MG, tiagosector@hotmail.com;

INTRODUÇÃO

Não somente anteriormente à Freud, como também à sua época, muito se dizia sobre a impossibilidade de se analisar crianças com idade inferior à 6 anos de idade como se analisam adultos, partindo do ponto de que elas não seriam capazes de uma livre associação. Dizia-se também que sua linguagem, seu nível de escolaridade e sua vivência eram fatores preponderantes para inferir numa análise. Foi desta forma, através do contraponto – à época trazido por Melanie Klein – que a autora veio dizer sobre existir sim a possibilidade de análise de crianças tão pequenas, criando uma rixa histórica com Anna Freud, filha do renomado psicanalista.

Anna Freud defendia que não há como fazer análise de uma criança com idade inferior à 6 anos. Ela dizia no sentido de que como a criança ainda está em construção, ela não consegue fazer a livre associação da maneira que o adulto faz. Então nem tanto a dificuldade de interpretar o discurso, mas que ela acreditava que o próprio discurso não continha as informações necessárias como é o caso do adulto. Ela vai definir então nos seus livros a forma de atuar adequada às crianças sendo o fator que não é possível analisar a criança, o que seria adequado ao psicanalista é servir como um “professor”, uma espécie de guia para a criança, alguém que auxilie no aspecto educacional, alguém que ensine do que especificamente se precise de análise.  

        No entanto, surge outra psicanalista importante no assunto: Melanie Klein. Que irá contra ao que disse Anna Freud. É possível sim analisar crianças. É uma análise diferente, com suas particularidades, assim como se analisa um adulto - claro que não pelos mesmos vieses. Houve então uma rixa entre as duas autoras neste aspecto, o que até entrou para a história da psicanálise. Melanie contrariou a filha do grande mestre, mas tinha muito fundamento na sua perspectiva.

Melanie então, em defesa da sua teoria, diz que há uma coisa comum entre a grande maioria das crianças e que expressa muito mais do que a própria fala. Uma vez que a fala ainda está em construção, existe uma coisa anterior à ela que é comum a todas as crianças e que revela muitas coisas sobre ela: o ato de brincar. É uma das coisas mais importantes da vida criança. Das mais valiosas por ensinar as coisas da vida e auxiliar no seu desenvolvimento. Ela percebe que ao brincar, ao fantasiar nas suas brincadeiras, ao escolher brinquedos, ela estaria revelando coisas de si, assim como o adulto revela o sonhar. Ela compara o brincar com o sonhar, interpretando o primeiro. Esta técnica se disseminou pelas outras vertentes/abordagens de análise da psicologia e foi contraponto fundamental para os estudos daquela época.

O QUE DIZIA ANNA FREUD

Ancorada nos conceitos do já consagrado pai, Anna Freud não conseguia partir de um princípio senão o de defender o legado da teoria do pai. Para ela, uma vez que a criança apresente uma conexão, um vínculo forte com os pais, faltará à ela três fatores principais, definidos por “a consciência (insight) de enfermidade, a decisão voluntária e a vontade de curar-se” (Anna Freud, 1926, p.22).

Para a autora, o analista não terá outra função senão a pedagógica, ou seja, o analista destas crianças funcionaria como um intermediário à nortear quaisquer anormalidade no desenvolvimento de seus filhos. Bem como, em termos de transferência positiva, que a autora define como o “triunfo pedagógico do caso”, irá de contramão à transferência negativa evitando-a.

Desta forma, em relação às histórias e a contribuição destas para a análise e bem como ela irá inserir na sua teoria o fundamento e contribuição dos pais na análise, o autor irá dizer que

“(...) Anna Freud lembra que “uma criança não pode dar muita contribuição à história de sua doença”, diferente do adulto que reconstrói sua história em análise a partir de suas lembranças. Por isso a necessária entrada dos pais no tratamento; através das informações trazidas por eles, a condução clínica será definida. Os sonhos, devaneios e desenhos também são recursos utilizáveis. (...)” (SILVA, 2012, pg. 39)

A PROPOSTA DE MELANIE KLEIN

        Os trabalhos iniciais de Klein tiveram contribuição direta de seu primeiro analista: Sándor Ferenczi. A autora buscou se opor ao que dizia Anna Freud, uma vez que naquela época o campo psicanalítico apresentava-se bastante controverso, e sua primeira contribuição foi justamente trazer em desenvolvimento a “técnica do brincar”.

        Klein cita na sua teoria o primeiro fato contrário à teoria de Anna, que dizia sobre a impossibilidade da criança dirigir ao analista as experiências do seu mundo interno. A autora afirma sobre essa possibilidade dizendo que

“(...) surgirá uma situação transferencial desde que empreguemos um método equivalente à análise de adultos, que evitemos qualquer medida pedagógica e que analisemos a fundo os impulsos negativos dirigidos contra o analista.” (Klein, 1926, p. 20).

        A autora não distancia sua teoria da de Freud, uma vez que diz que a compreensão da linguagem da criança será ancorada na teoria ensinada pelo grande mestre, no entanto observada de forma diferente: pelo simbolismo de jogos e brinquedos. Seria assim que o ato de brincar poderia revelar as angustias da criança, da mesma forma que se faria com as associações livres do adulto (KLEIN, 1932, p.30).

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