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ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO: PRÁTICAS E CONSEQUÊNCIAS NA TRAJETÓRIA DA MULHER EM CARGO DE GESTÃO

Por:   •  8/11/2018  •  4.122 Palavras (17 Páginas)  •  439 Visualizações

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Cumpre informar que a espécie de assédio moral denominada de mobbing é também classificada como assédio horizontal, no qual as agressões ocorrem entre colegas de trabalho, em virtude da tendência dos grupos em nivelar os indivíduos, somada à dificuldade de aceitação das diferenças entre eles, seja por discriminação sexual (homem num grupo de mulheres e vice-versa, homossexuais, etc.), discriminação racial, religiosa ou social, entre outras tantas espécies de discriminações existentes em nossa sociedade (HIRIGOYEN, 2002).

Vê-se o citado através de brincadeiras maldosas, gracejo, piadas, grosserias, gestos obscenos, menosprezo, isolamento etc., podendo ser resultante dos conflitos interpessoais que provocam dificuldades de convivência por qualquer motivo pessoal (atributos pessoais, profissionais, capacidade, dificuldade de relacionamento, falta de cooperação, destaque junto à chefia, etc., do binômio competitividade/rivalidade para alcançar destaque, manter-se no cargo ou disputar cargo, ou para obter promoção.

Ademais, indubitavelmente, as atitudes e comportamentos acima elencados agridem os direitos de personalidade e dignidade do empregado assediado, comprometendo, sobretudo, o espaço de sociabilidade, afeto, solidariedade e companheirismo, valores estes que devem orbitar invariavelmente no ambiente de trabalho, sob pena de comprometer seriamente a harmonia entre colegas e, inclusive, a produtividade da empresa (ALKIMIN, 2005).

Entretanto, no que se refere ao bullyng, evidencia-se em relações nas quais existe uma hierarquia, estando presentes as figuras do superior hierárquico e do empregado encarregado. Assim, impende esclarecer que nesta espécie os atos ocorrem verticalmente, dividindo-a em duas categorias, como descrito por Hirigoyen (2002):

De um lado, o assédio vertical descendente, onde o funcionário é agredido por seu superior hierárquico, quer seja pelo empregador ou pelo seu preposto. Esta situação é a mais frequente no contexto atual, bastando analisar as decisões proferidas pela justiça especializada acerca da matéria, deflagrando esta espécie como a mais praticada nas relações de emprego.

De outro, o assédio vertical ascendente, situação inversa, onde o superior hierárquico é agredido pelo subordinado ou, em última instância, pelos subordinados, que pode ocorrer, por exemplo, quando da contratação de um novo empregado para exercer algum cargo de chefia, cujo estilo e métodos sejam reprovados pelo grupo, e o superior hierárquico não consegue ou não faz nenhum esforço no sentido de harmonizar-se com o grupo. Tal situação poderá ocorrer, também, no caso de um antigo colega que tenha sido promovido sem que o setor tenha sido consultado.

Evidencia-se tal situação quando o empregador, como forma a estimular a produtividade, consciente ou inconscientemente, acaba por estimular a competitividade perversa entre colegas de serviço, gerando, por parte dos competidores práticas individualistas, que interferem na organização do trabalho, prejudicando o bom relacionamento e coleguismo que devem existir entre trabalhadores, cooperadores do sistema produtivo.

Nos Estados Unidos, o fenômeno é denominado de harassment, termo utilizado para definir um processo de assédio moral consistente em ataques repetitivos que visam, declaradamente, a atormentar e provocar a vítima (ALKIMIN, 2005).

Hirigoyen (2002) e Ferreira (2004) chamam a atenção, ainda, para o whistleblowing, que é direcionada para quem costuma expor os setores que não funcionam satisfatoriamente em uma empresa. Desse modo, aqueles que denunciam os problemas de funcionamento de um sistema sofrem, evidentemente, revanche da parte do próprio sistema, haja vista tratar-se de uma forma específica de assédio moral, destinada a silenciar quem não obedece às regras do jogo.

Na Itália, adotou-se como sinônimo para o assédio moral o termo mobbing, que é associado à violência silenciosa, ou seja, aquela que é comprovada através dos danos psíquicos causados a outrem. Na França, porém, o assédio moral é conhecido como harcélement moral, estando associado à perversidade ou perversão moral, não se confundindo com patologia menta (ALKIMIN, 2005).

Segundo Hirigoyen (2002), expert no assunto, a perversidade presente no assédio moral não provém de uma perturbação psíquica e sim de uma fria racionalidade, associada a uma falta de habilidade do agressor de pensar nas outras pessoas como seres humanos.

No Japão, o assédio moral, também conhecido como ijime, se mostra mais severo, uma vez que a prática da violência moral atinge todos os setores da vida da pessoa, ou seja, na escola, família, ambiente de trabalho, dentre outros.

No Brasil, apesar de o termo mais amplamente difundido seja assédio moral, ainda não existe uma denominação específica, visto que nos poucos artigos e comentários sobre o tema, encontra-se designações tais como terrorismo psicológico, tirania no trabalho, violência psicológica, molestamento moral, dentre outras.

METODOLOGIA

Para o alcance do objetivo, optou-se pelo método da revisão integrativa, visto que é a mais ampla abordagem metodológica referente às revisões, pois conforme Souza; Silva; Carvalho (2010), ela permite a inclusão de estudos experimentais e não-experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado. como também incorpora uma vasta gama de propósitos: definição de conceitos, revisão de teorias e análise de problemas metodológicos de um tópico particular. A estratégia de busca foi a consulta às bases eletrônicas Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Ministério da Educação.

Para o levantamento bibliográfico utilizaram-se as palavras-chave assédio moral, mulher e gestão. Os critérios utilizados para a seleção dos trabalhos foram: artigos publicados em português, nos últimos 15 anos, disponíveis na íntegra e que abordassem a temática investigada. O material selecionado a partir dos descritores estabelecidos e do recorte temporal foi analisado, segundo os seus conteúdos, utilizando-se da abordagem qualitativa.

O levantamento bibliográfico foi realizado entre os meses de março e abril de 2017 e os artigos selecionados estão em língua portuguesa, sendo um total de 04 publicações, referentes ao período de 2000 a 2017, conforme mostra o quadro 1.

Quadro 1 - Distribuição das publicações relacionadas à temática assédio moral no trabalho: práticas e consequências na trajetória da mulher em cargo de

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